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Crítica/"Cara B"
CD traz cantor menos contido e mais risonho
EM BUENOS AIRES
Ao ouvir "Cara B", o produtor dos discos anteriores de Jorge Drexler,
o também uruguaio Juan Campodónico (e também membro
do Bajofondo), escreveu ao
amigo: "Uma pena você não ter
cantado nos outros álbuns do
mesmo jeito que cantou neste".
O próprio Drexler, apesar do
acanhamento, admitiu que o
fato de ter feito o disco durante
uma turnê havia sido uma aula
de canto e de espontaneidade.
No geral, o que ouvimos é mesmo um Drexler menos contido
e mais risonho. A mesma impressão o artista passou no
show a que a Folha assistiu. Ele
deixou o público carregar a ordem do repertório, apenas advertindo: "Se escolherem só
músicas tristes, vamos sair daqui melancólicos".
"Cara B" e seu complemento
("Cara C") na verdade são um
truque. Chamá-los de "ao vivo"
é incorreto, pois houve minuciosa edição de cada faixa. A
originalidade está no fato de
que cada ruído, cada eco, ou
surgiu no espetáculo, ou foi
trazido a ele pelos programadores. Ou seja, não houve regravação posterior em estúdio.
Em termos de repertório, dá
para dizer que o primeiro CD
traz os "greatest hits" do cantor
-exceto "Al Otro Lado del
Río", ganhadora do Oscar, que
sabe-se lá por que ficou de fora.
O segundo reúne raridades e
curiosidades. Entre elas, uma
versão milongueira do clássico
de Leonard Cohen "Dance Me
to the End of Love" e outra de
"Dom de Iludir", de Caetano.
Apesar das qualidades, o disco não muda uma característica negativa de Drexler: o tom
monocórdio do conjunto do repertório. Faltam arroubos e
não há clímax; por vezes, soa
até monótono, ainda que cada
canção tenha sua beleza poética e melódica particular.
(SC)
CARA B
Artista: Jorge Drexler
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 60, em média
Avaliação: bom
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