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SP assiste a maratona de filmes de Jean Rouch
Cinemateca Brasileira exibe 77 filmes do francês
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Se a importância de um cineasta pode ser medida pelo
impacto que sua obra provocou
sobre o trabalho de colegas, o
francês Jean Rouch (1917-2004) sai muito bem na foto.
Referência-chave para a geração da nouvelle vague e, por
extensão, para o cinema moderno, ele deixou firmes pegadas também na história do documentário e da etnografia.
Disponíveis em DVD no Brasil, clássicos como "Os Mestres
Loucos" (1955), "Eu, um Negro" (1958), "Jaguar" (1967),
"Os Tambores do Passado"
(1971) -todos rodados na África- e "Crônica de um Verão"
(1961), "filme-verdade" correalizado por Edgar Morin nas
ruas de Paris, constituem
amostragem valiosa de seus
procedimentos, como o uso de
câmeras portáteis, de som direto e de interferências sobre o
material captado.
Será possível ampliar consideravelmente esse recorte a
partir de hoje, com o início da
maratona de 102 sessões que a
Cinemateca Brasileira promoverá, até o próximo dia 29, com
a Mostra Jean Rouch.
O evento integra o calendário
do Ano da França no Brasil e,
após São Paulo, fará itinerâncias por Belo Horizonte, Rio de
Janeiro e Brasília.
A mais extensa retrospectiva
dedicada ao cineasta no país -e
uma das mais amplas já organizadas, incluindo as realizadas
na França- exibirá 77 filmes
de Rouch (ele teria feito cerca
de 120, entre curtas e longas, alguns inacabados) e outros 14
sobre ele. Além da dificuldade
de levantar recursos, a mostra
lidou com limites técnicos.
"A obra de Rouch enfrenta
um problema grave de cópias",
diz o ensaísta brasileiro Mateus
Araújo Silva, um dos curadores
da retrospectiva. "Muitos filmes estão em estado deplorável, e alguns em cópia única,
que não podem circular."
A Cinemateca também sediará, de 30 de junho a 4 de julho, colóquio internacional
com pesquisadores de cinema e
de antropologia.
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