A chef Ana Soares assina cardápio que combina pratos italianos e itens de cozinha rápida

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Quando bem dosada, a mistura de bar e restaurante pode ser atraente. De um lado, descontração e itens no cardápio que podem atenuar fomes leves durante um drinque. De outro, pratos mais consistentes para quem precisa de maior sustância.
O Mercatto Caffe vai nessa via dupla. Fica numa esquina gostosa, tem varanda arejada e muitas mesas. Dentro, o salão é mais recolhido, mas também informal e, dependendo da mesa, aquecido pela vista do forno a lenha.
A divulgação da casa diz que ela se inspira no café Pastis de Nova York -mas esse tipo de exagero costuma ser contraproducente. Pois, se fosse comparar, o Mer- catto sairia perdendo.
É bar e restaurante paulistano, com uma cozinha de inclinação italiana, montado por um grupo de empresários (entre eles, Marcos Maia, 31) com experiência em bares da cidade, como Frutaria, Bardot, Escobar e Salve Jorge.
O cardápio foi concebido pela chef Ana Soares, cuja consultoria atende vários restaurantes da cidade e que aqui oferece uma cozinha rápida (petiscos, porções, sanduíches no forno a lenha) e pratos italianos.
Os petiscos são divididos em antepastos (frios e queijos), petiscos para comer com a mão (espetinhos, polenta frita), pequenas porções servidas em travessinhas, grelhados (linguiça, fraldinha ao alho e ervas) e ainda focaccia (com a massa preparada no forno) e brusqueta feita no pão da casa.
Nesse departamento de pequenos pratos e bocados, ficam a "parmigiana clássica" (com grafia errada e não tão clássica, pois a clássica mesmo é com queijo parmesão): gostosa berinjela com tomate e mozarela.
Há também o nhoquete (bem grande, por sinal), feito de ricota (o que tira demais a textura) com um vigoroso molho de tomate e linguiça; e o polvo com azeite, alho e páprica (duro, sem sal, banhando no azeite).
Passando aos pratos, o peixe e fritas lembra mais Inglaterra que Itália: pescada à milanesa (tenra, um pouco salgada) e batatas rústicas com molho de maionese e manjericão. Melhor que o robalo grelhado, mais seco, com tapenade, brócolis, batatas e tomates assados.
O galeto ao limão, suculento, pode vir com salada morna de batatas ao gorgonzola; duas carnes (bisteca com osso, ao ponto) e costeleta de vitelo à milanesa (com crosta correta e bom ponto também) podem ser acompanhadas com risoto.
Mas o risoto ao parmesão e rúcula atrapalha, pois nos dois casos esteve seco, escondendo o caldo do cozimento. Na sobremesa, uma bomba em forma de profiterolle, com doce de leite e calda de chocolate.

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