São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2001

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Silêncio marca arte brasileira nos 90

DO ENVIADO ESPECIAL

A produção das artes plásticas brasileiras, na década de 90, segundo a crítica Aracy Amaral, foi marcada pelo "fenômeno do silêncio". Amaral é a curadora dos artistas brasileiros para a mostra "Políticas da Diferença". Em 20 páginas, no imenso catálogo da mostra (bilíngue com 710 páginas), a crítica faz um balanço da arte nacional dos 90.
O período foi marcado, segundo Amaral, pela violência nos grande centros urbanos. "Uma violência inaudita vinculada ao desemprego (...), à audácia do narcotráfico, à corrupção e à gritante contradição entre a miséria mais chocante e a riqueza mais ostensiva."
Frente a essa situação social, os artistas mantiveram silêncio. Segundo Amaral, por duas razões: a dificuldade em enfrentar a problemática, que não é apenas do meio artístico, e a vinculação de artistas do Rio de Janeiro e São Paulo à produção internacional, que por sua vez apresenta pouco interesse na abordagem de questões brasileiras.
Outro fenômeno apontado pela crítica é que "a cultura mudou de mãos". Com isso, Amaral analisa a perda do papel desempenhado, nos anos 80 pelos museus, que cederam lugar ao patronato de grandes empresas. Assim, afirma a curadora, "deixou de existir um tempo de serenidade e reflexão" com uma intenção bem nítida: "atrair o visitante comum para o "teatro" da arte".
No texto, Amaral apresenta ainda destaques da produção nos 90, ressaltando os artistas selecionados em sua curadoria.
Numa escolha feita há dois anos, Amaral já apontava Vik Muniz como "a revelação da década". Pela obra de Muniz, Amaral aponta a imposição da fotografia enquanto meio. Outra artista escolhida, Rochelle Costi, comparece na mostra com três imagens da série "Pratos Típicos". Ainda na fotografia, Rosângela Rennó apresenta obras da série "Vermelha".
Entretanto é da escultura, ou algo que transita próximo dela, que vem a maioria dos selecionados: José Damasceno, Carmela Gross, Ana Maria Tavares, Nuno Ramos e José Patricio. O retrato da década não foi pintado sobre tela. (FCY)



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