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SÃO PAULO FASHION WEEK
Nostalgia e vintage dão o tom no segundo dia de desfiles do evento
Retrô é revisto com novos materiais
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
De uns tempos para cá a
moda fala de retrô, nostalgia, vintage (pronuncia-se, por
favor, víntage). O processo de
releitura de outras décadas do
século 20 começou em meados
dos anos 90 e toma curso na São
Paulo Fashion Week, no segundo dia de desfiles do evento.
Trata-se da busca estética por
valores já praticados, por formas já vistas, revisitadas agora
com novos materiais, por novas
gerações. Afinal, uma jovem dos
dias de hoje não havia tido ainda a mesma oportunidade da
modelo Jeísa Chiminazzo de
vestir uma gigantesca saia balonê com muitas camadas de tule
-como ela fez, anteontem, nos
desfiles de Sommer e Triton.
A ingenuidade da década de
50, celebração das formas femininas do New Look instalado
por Christian Dior em 1947, enterrava de vez as agruras da Segunda Guerra e a economia de
tecidos. Aqui, o racionamento
de pano se faz conceitual, invisível, até. Mas acontece, informalmente, no dia-a-dia do varejo.
"Sempre buscamos algo no
retrô. Os anos 50, em período
pós-guerra, foram muito importantes, todo mundo queria
ficar feliz e alegre", justifica Tufi
Duek para a sua Triton. "Olhar
para trás é tão importante quanto andar para a frente."
Marcelo Sommer, mago do
hedonismo surgido nas passarelas dos 90 no cenário fashion
brasileiro, carimba seu passaporte 2004 ao interpretar seu
próprio vocabulário, em uma de
suas mais femininas coleções.
O escorregador na passarela
despista a diversão infantil. Mas
vestidos de cinza, seus personagens vivem mais um day after de
ressaca do que a loucurama da
pista de dança (de desfiles anteriores). A coleção de Sommer é
pós-clubber. Um belo desfile.
Em clima de boate hardcore, a
Rosa Chá mostra que não está
para brincadeira. E faz história
com seu verão 2004. Ah, se essa
moda pega... E tomara que pegue. Já pensou? Meninos e meninas em Ipanema com o "derrière" assim, tão à vontade? A
marca paulista dá banho de
prêt-à-porter de areia com coleção de muitos avanços formais e
alguns momentos memoráveis,
como as oncinhas e cobras, os
índios em lugares estratégicos,
as flores brasileiras. Delícia.
A Ellus feminina se joga no étnico, embalando uma coleção
comercial nas calças e subjetivas
nos estranhos vestidos florais. É
mudança conceitual. Focando
no produto, realizando um bom
desfile, a Patachou de Terezinha
Santos dá o que seu público
quer, mas -socorro- é preciso corpinho de modelo para
tanto vestido de tricô branco.
Veja a programação, fotos e acompanhe os desfiles em www.folha.com.br/especial/2003/fashionweekverao
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