RUY GARDNIER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O talento primordial de Amos Kollek reside no trato com as atrizes. Em "Fast Food Fast Women", Anna Thomson ilumina a tela toda vez que aparece, imponente com seu rosto extravagante e um corpo invejável.
Ela interpreta Bella, uma ex-agente de Wall Street que decidiu largar tudo e trabalhar numa lanchonete por acreditar que nesse ambiente as pessoas são mais "reais". Ela vive uma crise: tem 35 anos, e seu amante, solidamente casado, não inspira muitas esperanças de uma estabilidade futura. Por pressão de sua mãe, Bella envolve-se com Bruno, um romancista que trabalha como taxista, e tem sua vida revirada.
"Fast Food Fast Women" é construído a partir de pequenas histórias que nascem da vida dos personagens que frequentam a lanchonete em que Bella trabalha.
Lá, vemos pessoas que se movimentam rápido demais para seus sentimentos: uma dançarina de "peep show" que se apresenta como assistente social, um senhor de idade à procura de sexo fácil em casas especializadas e uma prostituta estrangeira que é gaga.
Por mais diferentes que sejam os personagens, o sexo está na pauta do dia. É ele que rege as frustrações e felicidades desse grupo de pessoas que frequentam um lugar que serve "comida rápida". Da mesma forma que a comida, o sexo e os relacionamentos decorrem rapidamente, mais como escapismo do que como obtenção de prazer.
Tentativa de narrar o presente, "Fast Food Fast Women" assume vários riscos e ganha na maioria. Perde apenas quando recai em certos clichês de roteiro (as vidas dos personagens vão se entrelaçando, o personagem escritor fará um livro com o título "Fast Food Fast Women"). Mas o que Kollek quer mostrar, que hoje o sexo é de usufruto tão fugaz quanto comer um sanduíche, é ao longo do filme suficientemente sublinhado.

Fast Food Fast Women
Fast Food Fast Women
   
Direção: Amos Kollek
Produção: EUA, 2000
Com: Anna Thomson, Jamie Harris
Quando: a partir de hoje no Unibanco Arteplex