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ARTES PLÁSTICAS
Cinco mostras em SP trazem trabalhos que vão da figuração de Ianelli a obras recentes de Sérgio Sister
Pintura se fortalece pela coincidência
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
A outrora tão falada "morte da
pintura" já não assusta mais. São
inúmeras as provas de que se tratava de apenas mais um boato
acerca dessa vetusta senhora, e
uma dessas provas começa a dar
as caras hoje, numa semana marcada por aberturas de exposições
de pintores e pinturas.
Arcangelo Ianelli é um deles,
que traz, através da curadoria de
seus filhos Kátia, 53, e Rubens, 50,
obras de sua fase figurativa, percorrida, na exposição, de 1944 até
os anos 1960.
São 82 trabalhos e 82 anos de Ianelli, que foi transformando sua
figuração em algumas das obras
mais representativas da abstracionismo. O caminho é seguido
cronologicamente, "mas não de
maneira rígida", segundo Rubens
Ianelli. Começa pelas obras com
reflexos da Associação Paulista de
Belas Artes, retratando o entorno
do pintor: os bairros Aclimação,
Paraíso e Vila Mariana, a paisagem de São José dos Campos.
"Ele ainda não explorava a cor
com tanta intensidade", aponta
Kátia Ianelli. "A partir do segundo bloco da exposição, de 1952 até
mais ou menos 1956, já tem uma
linguagem mais solta", diz a filha
do artista, modelo de uma série de
retratos quando criança.
Em seguida, surgem as marinhas, veleiros da represa de Guarapiranga e bambuzais da região
do parque Ibirapuera. O gosto de
Ianelli pelas marinhas era compartilhado com José Pancetti. "Ele
trabalhou bastante com Pancetti
na Bahia", diz Kátia.
No fim dos anos 50, Ianelli começa a se desligar sensivelmente
da figuração, demonstrando a
"vontade do abstracionismo", nas
palavras de sua filha. Nos anos 60,
trabalha naturezas-mortas, para
encerrar definitivamente a fase figurativa.
A seleção das obras envolveu toda a família. "Desde pequenos estamos acostumados com a reunião da família toda para a escolha, e desta vez não foi diferente",
diz Kátia. "Foram 18 anos de figuração. É raro um artista executar
uma passagem tão lenta."
Integrante do grupo Guanabara
nos anos 50, Ianelli dividia os encontros no ateliê de Fukushima,
no largo da Guanabara, com, entre outros artistas, Manabu Mabe,
que integrava também o grupo
Seibi, com artistas como Flávio-Shiró, Kazuo Wakabayashi e Tomie Ohtake. Coincidentemente,
essa parte do Seibi ganha espaço
na mostra "Abstração como Linguagem - Perfil de um Acervo",
na galeria Pinakotheke.
As obras pertenceram ao Museu Manchete, no Rio, entre as décadas de 60 e 80, e hoje fazem parte da coleção do Banco Rural.
Além do núcleo japonês, a coleção tem pinturas de Iberê Camargo, Antônio Bandeira, Yolanda
Mohalyi. A abstração aparece
também nas esculturas gigantescas de Franz Krajcberg e na série
de trabalhos em mármore de Bruno Giorgi. "Além de terem se dedicado ao abstracionismo, todos
participaram das Bienais e foram
premiados ou homenageados",
explica o diretor da Pinakotheke,
Max Perlingeiro.
As obras se unem ainda pelos
grandes formatos, como os trípticos "Sol e Paisagem Azul" (1966),
de Bandeira, e "Entre Caos e Ordem" (1965), de Shiró, e a "Pedra
Miliar" (1968), de Bruno Giogi, de
quatro toneladas.
Grandes também ficaram as
obras de Dudi Maia Rosa, exibidas na galeria Brito Cimino. Hipercolorida, a resina sobre a qual
Dudi vem trabalhando há 20 anos
está encontrando sua excelência.
"Eu tinha um complexo de que as
minhas obras não se reproduziam
bem nas fotos", diz o artista. "Mas
aí comecei a encarar isso como
uma característica positiva, partindo do princípio de que elas exigem a presença de quem as vê,
não podem dispensar a presença", completa Dudi.
O peculiaríssimo trabalho sobre
a resina poliéster registra a cor pelo lado de dentro, inversamente à
pintura sobre tela, e ganhou identidade pelo próprio material. "As
idéias são comuns, e a matéria é
única. Briguei muito com a matéria, mas nunca estiva tão a favor
dessa feitura", aponta Dudi.
Na quinta, é a beleza da busca da
luminosidade de Sérgio Sister que
aparece em suas "Pinturas Recentes", na galeria André Millan, e,
no sábado, é Mariannita Luzzati
quem transporta suas paisagens
silenciosas à mostra "Óleos sobre
Tela, Óleos sobre Papel", na galeria Thomas Cohn.
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