São Paulo, segunda-feira, 03 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comentário
Banda resistiu ao fim do grunge com integridade

ANDRÉ BARCINSKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando surgiu, em 1990, o Pearl Jam era achincalhado em Seattle como "a banda vendida do grunge". Faltava ao grupo o que conterrâneos como Nirvana, Mudhoney e Tad tinham de sobra: a tal da credibilidade "indie" (independente).
Enquanto Kurt Cobain e outros moleques faziam discursos contra o rock corporativo e vestiam camisetas de bandas obscuras e badaladas como Pixies, Sonic Youth, Gang of Four e Flipper, a turma do Pearl Jam gostava mesmo era do rock de arena dos anos 70, de The Who, Neil Young e Led Zeppelin.
O próprio Cobain não cansava de esculhambar o "som comercial" do Pearl Jam, e não foram raros os que consideraram a banda oportunista pulando no bonde do grunge.
Como as coisas mudam, não? Hoje, Cobain está morto, o grunge acabou, mas o Pearl Jam está aí, firme e forte: a banda mais popular da América nos anos 90, superando o Nirvana em venda de discos.
Contrariando as acusações de oportunismo, o Pearl Jam venceu à sua maneira, sem fazer concessões e batendo de frente contra o corporativismo da indústria musical.
Para começar, a banda se recusou a fazer videoclipes, após o sucesso de "Jeremy".
Depois, envolveu-se numa famosa batalha judicial contra a gigante Ticketmaster, maior empresa de venda de ingressos dos Estados Unidos, acusada pela banda de inflar os preços de bilhetes. Por três anos, o Pearl Jam boicotou teatros e arenas da Ticketmaster, o que quase arruinou o grupo.
Eddie Vedder e cia. fizeram shows beneficentes, lideraram uma campanha anti-Bush, permitiram aos fãs gravar seus shows, boicotaram festivais patrocinados por grandes corporações e limitaram o preço de seus ingressos. Mesmo assim, continuaram a encher estádios.
Se a integridade do Pearl Jam não pode mais ser questionada, o mesmo não pode ser dito de sua herança musical. O hard rock setentista e grandiloquente da banda influenciou imitadores como Creed, Kings of Leon, Bush e Nickelback, o que não deve ser motivo de muito orgulho para Eddie Vedder.



Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Sons calmos e misturas pop movem a Seattle de hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.