São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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POLÍTICA CULTURAL

Pelo menos desde 1995, orçamento destinado à construção de prédios é repassado para outras áreas

Dinheiro das bibliotecas é remanejado há oito anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos desde 1995, nenhuma biblioteca municipal infanto-juvenil é construída em São Paulo, apesar de, em todos esses anos, haver verba destinada para esse fim. Na administração petista, estavam destinados R$ 10 mil em 2001 e R$ 1,9 milhão em 2002, mas em ambos os anos, o gasto na área foi zero.
"Normalmente quando um projeto não é feito, é normal que se transfira para outra área, após discussões e autorizações", afirmou o secretário de Cultura, Marco Aurélio Garcia.
Há duas semanas, o jornal "Agora" e a Folha revelaram que a ópera "Madama Butterfly", no Teatro Municipal, levou R$ 775 mil antes destinados à construção de bibliotecas infanto-juvenis. Os dados foram levantados pela assessoria econômica do vereador Roberto Tripoli (PSDB) e confirmados pela Secretaria da Cultura.
"Nós tivemos que deslocar dinheiro para ópera porque eu tinha compromisso, tinha pessoas contratadas e tinha que pagar. Mas eu estou muito rigoroso com os recursos", afirmou Garcia.
O secretário diz que não usou o dinheiro nas bibliotecas, conforme o orçamento oficial previa, por causa dos 45 Ceus (Centros Educacionais Unificados) prometidos para o ano que vem.
"Todos os Ceus vão ser dotados de bibliotecas com acervo inicial de 25 mil livros e informatização. Nós não conseguimos preparar espaços, terrenos para a construção", disse.

Outro lado
"O problema das bibliotecas é o seguinte: nós procuramos investir em compra de acervo, em informatização, em pessoal e tínhamos esse horizonte, muito animador, de que vamos ter os Ceus, muitos deles em áreas que havíamos pensado para construir bibliotecas", disse o secretário.
Como pontos positivos de sua política para as bibliotecas, Garcia afirmou que, em um ano e meio, foram comprados mais livros do que em toda a gestão do governo Celso Pitta, num gasto total próximo a R$ 2 milhões.
Além disso, contratou 50 novos bibliotecários e informatizou as 67 bibliotecas do município, oferecendo, em cada uma, pelo menos quatro computadores com acesso gratuito à internet.
A informatização inclui o lançamento, na semana passada, do catálogo eletrônico das bibliotecas da cidade de São Paulo, que permite a localização, pela internet, das obras pertencentes a todos os acervos municipais, no site www.prefeitura.sp.gov.br.
Garcia também lembrou a criação de projetos de incentivo à leitura, como a Biblioteca do Trabalhador, o Escritor nas Bibliotecas e o Circuito Cultural, próximos de completar um ano. (IF)



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