São Paulo, sábado, 03 de setembro de 2005

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LIVRO

Com 55 textos do escritor inglês Tony Parsons, antologia revela a música e o comportamento jovem entre os anos 70 e 90

Coletânea reúne observação ácida do pop

Divulgação
A banda britânica Sex Pistols; em texto, Tony Parsons dá seu testemunho sobre show punk em Leeds


LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Nick Hornby quem? Os tiros que o jornalista e escritor inglês Tony Parsons deu na direção da cultura pop dos anos 70 a 90 atingem agora o Brasil, em forma de livro. A editora Barracuda edita neste mês a coletânea de artigos "Disparos do Front da Cultura Pop", reunião de 55 textos que o outrora ácido pensador britânico das movimentações jovens, hoje mais ocupado (e mais rico) em escrever best-sellers, publicou nos jornais "Guardian", "Daily Telegraph", "New Musical Express", entre outros.
"Disparos" é dividido em cinco seções: música, amor e sexo, polêmica, viagens e cultura, todas sob a mira do influente e provocador olhar pop de Parsons, 50 anos.
Esse "olhar provocador", o selo que estampa qualquer menção a Tony Parsons, junto a "o cara da classe operária que trouxe a cultura de rua para dentro da alta cultura", vem desde que ele trocou o trabalho noturno em uma destilaria de gim para ingressar na equipe do semanário musical "New Musical Express", no meio dos anos 70. No meio do turbilhão punk.
Diz a história que ele ingressou no jornalismo ao responder a um anúncio do "NME" querendo alguém com língua solta e esperteza suficiente para saber o que estava acontecendo com a juventude inglesa, em relação à música. Em vez de mandar mais uma "crítica" de show do Pink Floyd, como 90% dos que responderam o anúncio do semanário, Parsons mandou um pequeno livro que escreveu e vendia por algo equivalente a R$ 2, sobre a ira de uns adolescentes drogados. Foi pego na hora pelo "NME".
O texto que abre "Disparos do Front da Cultura Pop" é "Blank Generation na Estrada", escrito em 1976, um relato histórico já sobre o que os ingleses queriam saber: o que estava acontecendo com a juventude inglesa. E seu testemunho sobre a atuação dos Sex Pistols e do Clash em show punk em Leeds, com o molho de sua escrita indagativa, elucidava tudo.
O raio-X do início do punk domina a parte "música" de "Disparos", mas não é só. Bruce Springsteen, George Michael e David Bowie também são radiografados pela caneta de Parsons.
Em uma deliciosa entrevista com Morrissey, publicada no jornal "Daily Telegraph", Parsons se deleita desmistificando a delicadeza do ex-líder da banda The Smiths, o grupo musical mais adorado do Reino Unido.
"Conto a Morrissey que decidi ser um fã dos Smiths quando ele tirou sua camiseta no "Top of the Pops" e revelou as palavras "case comigo" escritas com caneta azul no peito. "Hummmmmmm", ele diz, nada impressionado. "Não podemos esquecer isso, não é?"."

Cinema
Tony Parsons acaba de lançar na Inglaterra seu terceiro romance "sério", "Stories We Could Tell", uma história semi-autobiográfica de três jovens jornalistas trabalhando numa revista musical na Inglaterra nos anos 70. É o que se passa com os três em 16 de agosto de 1977, o dia em que Elvis Presley morreu.
O livro anterior de Parsons, "Family Way", ainda inédito no Brasil, acaba de ser comprado para o cinema. Comprado por Julia Roberts. A atriz e (como se vê) produtora hollywoodiana exigiu que Parsons escrevesse a adaptação do roteiro para as telas. A princípio, segundo o diário inglês "Guardian", Parsons pensou muito em Joe Strummer (Clash) e não aceitou a tarefa de reescrever o roteiro. Mas, depois, pensou: "Estou pronto para essa aventura em Hollywood. Essa é a minha chance. E você tem que aproveitar todas as suas chances, tendo você 52 ou 22".

Disparos do Front da Cultura Pop
Autor:
Tony Parsons
Editora: Barracuda
Quanto: R$ 39 (360 págs.; lançamento previsto para 12/9)


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