São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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Ator brasileiro passa a integrar elenco central da série "Nip/Tuck"

Radicado nos EUA, Bruno Campos interpreta um cirurgião de tons sombrios

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cirurgiões plásticos Sean McNamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian McMahon) em breve ganharão companhia carioca na clínica que administram em South Beach, Miami. Na terceira temporada da série dramática "Nip/Tuck", que estréia por aqui em 12 de setembro, o ator brasileiro radicado nos EUA Bruno Campos, 32, veste o jaleco e dá vida a Quentin Costa, um dos maiores peritos em estética do país. O personagem, que já apareceu no fim do segundo ano, passa agora a integrar o elenco fixo.
Em passagem por São Paulo, Campos disse à Folha que a expertise do dr. Costa esconde uma personalidade soturna. "Ele é um amálgama dos dois protagonistas: tem o talento do Sean e o desejo do Troy, sem os limites éticos de um e as culpas do outro. Isso cria uma pessoa perigosa", descreve o ator. "Vejo-o como um átomo instável, ao qual falta um elétron. Enquanto olha alguém, analisa as fraquezas; depois, usa tudo contra a pessoa", emenda, num português truncado que denuncia o longo "exílio": 27 anos.
Filho de um executivo do setor internacional do Banco do Brasil, ele teve uma infância mambembe: além dos EUA, viveu em Bahrein e no Canadá. Quando a família decidiu se repatriar, Campos, então com 14 anos, quis ficar em solo norte-americano. "Já sonhava em ser ator", lembra.
Sete anos depois, prestes a se graduar pela Northwestern University (Illinois), ele recebeu o primeiro convite profissional... vindo do Brasil. A língua-mãe quase o deixou na mão. "Atuar em português, para mim, era um desafio. Fiz um curso intensivo para trabalhar em "O Quatrilho" [filme de Fábio Barreto indicado ao Oscar de produção estrangeira em 1996]. Durante as filmagens, ficava com um dicionário português/inglês no bolso", afirma.
Depois de encarnar o imigrante italiano Massimo, ele recebeu propostas para ficar no Brasil, mas preferiu rumar para Los Angeles. Em 1998, um ano depois de assinar contrato com os estúdios Warner, foi escalado para a sitcom "Jesse". No esquecível programa, que fez um relativo sucesso em seus dois anos de duração, ele interpretava um pintor chileno pelo qual a personagem-título caía de amores.
De lá para cá, Campos acredita que a imagem do latino no showbusiness tenha mudado. "Na época, ainda era visto como um estrangeiro exótico. Hoje, faz parte da comunidade. Houve uma humanização", avalia. A convocação de Rodrigo Santoro para o elenco de "Lost" faz parte desse movimento? "Sim, e acho ótimo. Quanto mais representantes de outras culturas houver, melhor. Cria-se familiaridade e o estranhamento diminui."
Em 2001, ele viveu um advogado na natimorta série "Leap Years". O cancelamento precoce também vitimou "The D.A" em 2004. Há alguns meses, a sitcom em que faria seu primeiro protagonista -um fotógrafo famoso no circuito de casamentos- foi reformulada pelo canal que a exibiria. A repaginação chegou ao elenco.
Os fracassos ajudaram Campos a entender a lógica de Hollywood. "É a natureza desse jogo: você chuta dez vezes ao gol e acerta uma ou duas. Mas são essas que decidem o jogo."
Entre participações nas premiadas "ER" e "Will & Grace", em 2003, o ator filmou "Dopamine", produção independente em que representava um programador de computador "metido a Casanova", nas palavras do próprio. A fita foi premiada no Festival de Sundance.
Se o perfil do ator no IMDB (site-enciclopédia do cinema mundial) correspondesse à realidade, o segundo ato da carreira cinematográfica viria com um papel em "Rambo 4" -precedido por uma passagem-relâmpago pelo remake global "Sinhá Moça". Campos diz que não sabe de onde as informações foram tiradas. Mas que seria divertido vê-lo lutando ao lado do moribundo Sylvester Stallone, seria.


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