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Ator brasileiro passa a integrar elenco central da série "Nip/Tuck"
Radicado nos EUA, Bruno Campos interpreta um cirurgião de tons sombrios
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cirurgiões plásticos Sean
McNamara (Dylan Walsh) e
Christian Troy (Julian McMahon) em breve ganharão companhia carioca na clínica que
administram em South Beach,
Miami. Na terceira temporada
da série dramática "Nip/Tuck",
que estréia por aqui em 12 de
setembro, o ator brasileiro radicado nos EUA Bruno Campos, 32, veste o jaleco e dá vida a
Quentin Costa, um dos maiores
peritos em estética do país. O
personagem, que já apareceu
no fim do segundo ano, passa
agora a integrar o elenco fixo.
Em passagem por São Paulo,
Campos disse à Folha que a expertise do dr. Costa esconde
uma personalidade soturna.
"Ele é um amálgama dos dois
protagonistas: tem o talento do
Sean e o desejo do Troy, sem os
limites éticos de um e as culpas
do outro. Isso cria uma pessoa
perigosa", descreve o ator. "Vejo-o como um átomo instável,
ao qual falta um elétron. Enquanto olha alguém, analisa as
fraquezas; depois, usa tudo
contra a pessoa", emenda, num
português truncado que denuncia o longo "exílio": 27
anos.
Filho de um executivo do setor internacional do Banco do
Brasil, ele teve uma infância
mambembe: além dos EUA, viveu em Bahrein e no Canadá.
Quando a família decidiu se repatriar, Campos, então com 14
anos, quis ficar em solo norte-americano. "Já sonhava em ser
ator", lembra.
Sete anos depois, prestes a se
graduar pela Northwestern
University (Illinois), ele recebeu o primeiro convite profissional... vindo do Brasil. A língua-mãe quase o deixou na
mão. "Atuar em português, para mim, era um desafio. Fiz um
curso intensivo para trabalhar
em "O Quatrilho" [filme de Fábio Barreto indicado ao Oscar
de produção estrangeira em
1996]. Durante as filmagens, ficava com um dicionário português/inglês no bolso", afirma.
Depois de encarnar o imigrante italiano Massimo, ele
recebeu propostas para ficar no
Brasil, mas preferiu rumar para Los Angeles. Em 1998, um
ano depois de assinar contrato
com os estúdios Warner, foi escalado para a sitcom "Jesse".
No esquecível programa, que
fez um relativo sucesso em
seus dois anos de duração, ele
interpretava um pintor chileno
pelo qual a personagem-título
caía de amores.
De lá para cá, Campos acredita que a imagem do latino no
showbusiness tenha mudado.
"Na época, ainda era visto como um estrangeiro exótico.
Hoje, faz parte da comunidade.
Houve uma humanização",
avalia. A convocação de Rodrigo Santoro para o elenco de
"Lost" faz parte desse movimento? "Sim, e acho ótimo.
Quanto mais representantes
de outras culturas houver, melhor. Cria-se familiaridade e o
estranhamento diminui."
Em 2001, ele viveu um advogado na natimorta série "Leap
Years". O cancelamento precoce também vitimou "The D.A"
em 2004. Há alguns meses, a
sitcom em que faria seu primeiro protagonista -um fotógrafo famoso no circuito de casamentos- foi reformulada
pelo canal que a exibiria. A repaginação chegou ao elenco.
Os fracassos ajudaram Campos a entender a lógica de
Hollywood. "É a natureza desse jogo: você chuta dez vezes ao
gol e acerta uma ou duas. Mas
são essas que decidem o jogo."
Entre participações nas premiadas "ER" e "Will & Grace",
em 2003, o ator filmou "Dopamine", produção independente
em que representava um programador de computador "metido a Casanova", nas palavras
do próprio. A fita foi premiada
no Festival de Sundance.
Se o perfil do ator no IMDB
(site-enciclopédia do cinema
mundial) correspondesse à
realidade, o segundo ato da carreira cinematográfica viria com
um papel em "Rambo 4" -precedido por uma passagem-relâmpago pelo remake global
"Sinhá Moça". Campos diz que
não sabe de onde as informações foram tiradas. Mas que seria divertido vê-lo lutando ao
lado do moribundo Sylvester
Stallone, seria.
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