SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Além de 17 longas realizados entre 1959 e 2006, a retrospectiva dedicada a Resnais exibirá também sete curtas dirigidos por ele antes de "Hiroshima, Meu Amor" (1959), incluindo os clássicos "Noite e Nevoeiro" (1955) -lançado em DVD no Brasil como "Noite e Neblina"- e "Toda a Memória do Mundo" (1956). Dois documentários de média-metragem sobre o cineasta complementam a programação da mostra. Em "Abordando Alain Resnais, um Revolucionário Discreto" (1980), de Michel Le Clerc, diversos de seus colaboradores -entre eles, os escritores Alain Robbe-Grillet (roteirista de "O Ano Passado em Marienbad") e Jorge Semprún (de "A Guerra Acabou" e "Stavisky")- falam sobre sua trajetória até "Meu Tio da América" (1980). Já "O Ateliê de Alain Resnais: Em Torno de "Amores Parisienses'" (1997), de François Thomas, apresenta seu método de trabalho a partir de depoimentos de profissionais envolvidos nesse musical, como os atores André Dussolier, Sabine Azéma, Agnès Jaoui e Jean-Pierre Bacri (os dois últimos assinam também o roteiro do filme, assim como em "Smoking/No Smoking"). Cinema de investigação e invenção, a obra extraordinária de Resnais é analisada em detalhe pelo catálogo que acompanha a retrospectiva, coordenado por Cristian Borges, Gabriela Campos e Ines Aisengart, curadores da programação. A seção "Introdução ao Imaginário de Alain Resnais" reúne 23 artigos -entre eles, junção de duas críticas de Glauber Rocha sobre "Hiroshima", publicadas no "Diário de Notícias", de Salvador, em outubro de 1960. "Alain Resnais não faz apenas um filme de idéias, ou mesmo um filme que é um ensaio do mais importante drama de nosso tempo, como também sublevou a forma cinematográfica e inaugurou o filme moderno, no sentido paralelo às outras artes, como pintura, poesia e música, cada vez mais distantes das formas narrativas do passado", escreveu Glauber. Resnais aparece no catálogo com sua própria voz, em entrevista a Jean-Michel Frodon e Cyril Neyrat para a revista "Cahiers du Cinéma" em 2006, no lançamento de "Medos Privados em Lugares Públicos".

ALAIN RESNAIS: A REVOLUÇÃO DISCRETA DA MEMÓRIA
Quando: a partir de hoje até 21/9, de qua. a dom.; programação completa em tinyurl.com/623lge
Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112; tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quanto: R$ 4 e R$ 2 (o catálogo estará à venda por R$ 10 no CCBB)

Texto Anterior: Mostra recoloca Resnais em lugar central
Próximo Texto: Para Glass, artista precisa "se livrar da própria voz"
Índice