GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Com edição dinâmica e depoimentos importantes, é louvável o fato de que este documentário, "O Legado de Leonilson", que o SescTV exibe hoje, recupere parte da obra e do pensamento do artista cearense (1957-1993). Com animações feitas a partir de seus desenhos de pontes, torres e vulcões, o programa mostra como é possível fugir do formato padrão "locuções em off + exibição lenta de obras", predominante nos documentários de arte.
A mãe e a irmã do artista, a atual curadora da Bienal Lisette Lagnado, a artista plástica Leda Catunda e o fotógrafo e galerista Eduardo Brandão são os entrevistados que colaboram com boas histórias e reflexões sobre Leonilson. Leda, por exemplo, conta da primeira -e má- impressão que teve quando "Leo" começou a colocar textos em suas telas -a integração entre desenho e palavras viria justamente se tornar a maior e melhor marca de seus trabalhos.
Mas o documentário peca pela omissão. Em nenhum momento cita a difícil relação que Leonilson travou com a morte, especialmente após ter contraído Aids, e de como essa experiência se refletiu com força em seus trabalhos. Pena que até para falar de um homem "puro e livre", como o filme o define, a televisão opte por perpetuar silêncios e tabus.