São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Crítica

"Blow Up" exibe a grandiosidade de Antonioni

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Blow Up" (TCM, 1h40) não merecia o título brasileiro "Depois Daquele Beijo". Os motivos são inúmeros, mas o principal é que dá a entender que antes de David Hemmings fotografar Vanessa Redgrave com um homem, num parque de Londres, nada de significativo aconteceu.
Quer dizer, nada aconteceu mesmo. Entretanto, tudo aconteceu: o fotógrafo disfarçado de operário (ah, como pode ser falso o autêntico), a sessão de fotos de moda (o tédio, a obrigação, a insignificância), o quase estupro de que é vítima por duas fanzocas.
É depois disso que ele sai à deriva. Em busca de quê? De nada. Ele sabe que só o acaso poderá salvá-lo da selvageria a que o sucesso o condena.
É então que acontecerá "aquele beijo", tudo o que se prova e tudo o que, a despeito disso, nunca se saberá se existiu ou não, mas que -junto da beleza talvez insuperável dos enquadramentos- faz do filme "Blow Up" um grande, imenso trabalho de Michelangelo Antonioni.


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