São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mônica Bergamo bergamo@folhasp.com.br VMB É proibido fumar
No palco do Credicard Hall, Erasmo Carlos, 68, canta "É Proibido Fumar" para uma plateia contida. A poucos metros dali, quem rebola são os seguranças do prêmio Video Music Brasil que, sob a marquise da entrada principal, tentam segurar os rebeldes da lei antifumo. Ao fundo, o cartaz com o mapa de SP cortando um cigarro aceso estampa a restrição. "É duro. Já tivemos que segurar uns cem. A gente fala: se sair pra fumar, não pode voltar, e todos se irritam. O Supla ficou furioso", relata um segurança. Em tempos de leis seca e antifumo, a principal atração da festa da música da MTV é um astro do futebol. Anunciado com alarde, Ronaldo Fenômeno, que acabava de chegar da Espanha, entra em campo só para encerrar o jogo. De suas mãos, a banda emo Fresno recebe o prêmio de "Artista do Ano", o mais nobre da noite. A consagração da banda gaúcha dá a deixa para a debandada. "Sou de outra geração geral. Isso [música emo] pra mim não é rock'n'roll. É um mela-cueca danado. "Tamo" na pior fase do rock", diz um inconformado João Gordo. "Essa premiação é plataforma de lançamento da indústria. Não faço parte disso. Vim só para acompanhar minha namorada [Mallu Magalhães, que concorreu com o Fresno na categoria de "Artista do Ano"]", faz coro Marcelo Camelo. Até o titã Branco Mello dispensa a festa pós-prêmio, numa casa noturna: "Amanhã acordo às 8h". Nas críticas aos novos tempos sobrou até para o Twitter, microblog que virou categoria na premiação. "A palavra [Twitter] lembra um pinto de plástico de "sex shop'", diz o "deslocado" Supla. E o cantor brega Falcão diz que também não entrou na onda do site: "Não relato o que faço. Em vez disso, solto frases falconéticas, filosóficas". Os tempos são outros, os heróis, não. Após o show, Erasmo Carlos, de cabelos compridos, calça jeans e jaqueta escura sobre uma camisa da seleção com o número 1, de goleiro, parece destoar entre meninos bem comportados, de camiseta e tênis coloridos. Entre goles de uísque, rejeita o tom saudosista: "Se liga. Bicho, eu tenho meu MySpace, estão lá minhas músicas. Sou a favor da liberação de algumas delas", diz. E completa: "O emo é maravilhoso. Rock não é só rebeldia, é também o amor. É cantar para a mulher. É liberdade. Se o cara quiser "fazer" emo, faça. Quem não gostar, não ouça". "Precisamos fazer o dever de casa, Erasmo", diz Samuel Rosa, vocalista do Skank, ao abraçar o veterano cantor, de quem se diz fã. Qual o dever? "Maravilhosas composições para alegrar o Brasil em 2010. Eu e Erasmo. Devo tudo a ele", diz Samuel. Erasmo, emocionado, agradece. E agenda a parceria: "Estou devendo um favor. Vou pedir uma música sua para eu fazer uma letra". Já no fim da noite, quem passa pelo banheiro da área VIP da festa testemunha o cantor Nasi, ex-vocalista da banda Ira!, fazer um relato apaixonado sobre sua proximidade com Exu, orixá de múltiplos e contraditórios aspectos do candomblé, em conversa com amigos que o acompanham assustados. Conexão brasileira
Os advogados que
cuidam das indenizações
do acidente da Air
France se depararam
com uma situação
surpreendente: os filhos
brasileiros de uma das
vítimas, um italiano,
formavam a segunda
família dele -que jamais
comunicou à sua família
italiana a existência dos
outros rebentos. A mãe
das crianças brasileiras
(um garoto de 16 anos e
uma menina de oito),
que vivem em Santa
Catarina, respeitou o
desejo do parceiro de ter
uma conduta discreta
para não magoar sua
mulher italiana. O
problema agora é: como
pleitear a indenização e
como fazer a sucessão
dos bens dele na Itália?
|
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |