SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Mais vale um urubu na mão do que dois voando, ou três, no caso da Bienal de São Paulo. Passada a histeria em torno do ataque do pichador que queria libertar as aves do viveiro de Nuno Ramos, visitantes começam a ver outras obras no pavilhão.
"Olha lá ele voando", dizia o artista plástico Augusto Fonseca, 32, apontando para uma das aves na obra, mas ele garante que não estava lá atraído pelos pássaros negros. "Tem outros trabalhos mais legais do que esse."
"Com ou sem essa obra, eu viria", disse a artista plástica Cláudia Leão, 43, que descansava nos colchões montados por Ernesto Neto num dos terreiros da mostra. "Essa Bienal é diferente daquela vazia, que não me satisfez."
Cheia de obras e de polêmica, a 29ª Bienal não precisou de muito marketing para levar visitantes à exposição. Mas com obras mais lúdicas e uma vasta gama de vídeos, filmes e fotografias, a pichação, os urubus e os trabalhos políticos parecem chamar menos a atenção.
"Gostei mais do coelho de madeira", disse o designer Fabrício Costa, 31, sobre o trabalho do artista chinês Ai Weiwei, que não sabia do problema com os pichadores na abertura da exposição.
"Pensei que estavam com medo de terroristas", disse a designer Rita Valladares, 41, que também ignorava os tumultos no início da Bienal. "Estou achando tudo lindo."
Diante das fotografias da artista Juliana Stein, a estudante de moda Mayara Bernardes, 21, também não parecia tão interessada em polêmica. "Vim porque eu queria ver mesmo", disse. "Não foi por isso nem por esse tema político, que nem me interessou muito em princípio."
"Não sei por que a Bienal é motivo de polêmica, sempre querem polemizar na Bienal", reclamou o publicitário Gilberto Vieira, 22. "Quando as coisas são legais, elas são. Quando não são, não são."


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