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GUERRA À PIRATARIA
Empresário avalia que governo FHC não combateu os piratas porque isso agravaria o desemprego
Gravadoras já cobram promessas de Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto se debate com denúncias internas, a indústria fonográfica brasileira procura olhar
para o futuro cobrando, desde já,
promessas feitas pelo PT durante
a campanha presidencial.
Alguns executivos começam
destacando o descontentamento
com a política do governo FHC
no combate à pirataria. É essa a
avaliação do vice-presidente da
EMI, Luiz Bannitz:
"O combate à pirataria é impopular porque os CDs piratas são
muito baratos. Qual governante
que precisa do apoio da massa vai
apoiar o combate, se ele é tão antipático? O governo FHC deixou de
apoiar porque não sabia como
criar empregos para substituir o
contingente da pirataria."
Bancas
Mesmo com tal avaliação, Bannitz discorda de que o perfil popular de Lula possa, então, levar a
um agravamento da questão.
"Um problema sério que a indústria vive é o dos DVDs vendidos em bancas de jornal. Não vou
entrar no mérito sobre se são piratas ou não, mas concorrem de
forma irregular com nossos lançamentos. Pois o governo do PT
no Rio Grande do Sul é o único do
Brasil que proibiu a comercialização de DVDs em bancas."
Ele conclui: "Agora que vai ser
Lula mesmo e não tem jeito,
quem sabe não seja esta a hora da
mudança, de a gente quebrar o
círculo de nosso setor produtivo,
cada vez mais desgastado".
O presidente da Sony, José Antonio Eboli, demarca expectativas: "Tivemos a oportunidade de
participar de uma reunião com
Aloizio Mercadante e notamos
claramente uma forte determinação dele em combater a pirataria
no país, por várias razões. Saímos
realmente convencidos de que isso deveria ocorrer no governo Lula. Continuo acreditando".
O presidente da Warner, Cláudio Condé, volta indiretamente à
questão do desemprego: "Lula
tem todas as possibilidades do
mundo de tomar iniciativas para
criar empregos. Precisamos de
mais gente no mercado legal ganhando decentemente e podendo
se divertir e consumir música".
O presidente da Universal, Marcelo Castello Branco, concorda e
vai além: "Não é que as pessoas
gostem de comprar CD pirata.
Ninguém se sente completamente
digno dando CD falsificado para a
namorada. Todo mundo tem direito ao legítimo".
Há quem esteja do outro lado,
mesmo de dentro da ABPD -é o
caso de José Lopez, da Novodisc, a
empresa que vive litígio com o sistema a que pertence.
"A omissão na questão da pirataria não é do governo, mas de
quem deveria combatê-la e não
está fazendo isso. É a própria indústria. De onde vem o dinheiro
da ABPD? Para onde ele vai?",
questiona Lopez. A ABPD recusa-se a rebater tal questão.
Acuada, a Novodisc joga fogo
numa das questões incendiárias
da indústria -a discrepância de
preços entre CDs oficiais e piratas.
"Todo mundo fala que está em
crise, mas as grandes gravadoras
vendem seus CDs no Carrefour a
R$ 2,70. Se podem, por que não
praticam sempre esses preços? É
consenso que o preço do CD é
muito alto, e não só no Brasil. Para ser razoável, o preço teria de ficar entre R$ 5 e R$ 10, e a indústria
teria como fazer isso", diz o diretor Lucas Sacay.
Esse é outro dos tabus, que as
gravadoras rebatem por todos os
lados: o preço dos CDs não é alto;
diminuir quebraria a indústria; os
piratas são baratos porque não
precisam pagar custos e direitos
artísticos; o preço é uma falsa
questão.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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