São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006

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Em CD, "Antônias" fazem pose de diva

Cantoras-atrizes da série da Globo, Cindy e Quelynah lançam trabalhos solo, que seguem a fórmula do "r&b" americano

Recém-lançados, álbuns têm bons momentos, mas falham na produção de gosto duvidoso e nas letras nem sempre inspiradas

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Globo sugeriu. Fernando Meirelles (produtor da série "Antônia", exibida pela emissora às sextas) também. Mas, por enquanto, as atrizes-cantoras do programa só formam um quarteto na TV. Fora da telinha, as moças preferem apostar em carreiras solo.
Aos álbuns de Leilah Moreno e Negra Li, lançados recentemente, juntam-se agora os de Quelynah e Cindy. "Eu gostaria de trabalhar paralelamente [com o quarteto]", fala Quelynah, 25. "Mas não rola. As outras meninas têm medo de confundir o lance", completa. "Eu faria, sem problemas", diz Cindy, 18. "Até entendo algumas relutarem. Envolve outras pessoas. Cada uma teve que batalhar para fazer o CD solo."
É uma pena porque nenhum dos trabalhos traz a energia e o carisma que elas demonstram quando entoam o simpático refrão "ôô, Antônia brilha...". Em comum, há o fato de todas terem apostado na mesma fórmula das divas do r&b gringo, começando pelas caras e bocas sensuais no encarte dos CDs. A diferença é que Beyoncé, por exemplo, tem por trás produtores de muito bom gosto. As nossas meninas, não.
A começar por Cindy. Apesar da pouca idade, ela rima melhor do que muito marmanjo.
Se suas letras ainda não são um primor, estão longe de serem descartáveis e refletem o estado de espírito da moça: otimista, engajada e inteligente. O problema é que o produtor Tchorta Boratto tentou fazer uma reunião de estilos "top ten" das paradas de sucesso.
Sem coerência, o disco passa pelo rap, pop, dance music, r&b e chega ao auge do oportunismo no reggaeton, gênero que faz sucesso nos EUA, com a mistura de rap e ritmos latinos -famoso aqui na voz do porto-riquenho Daddy Yankee.
Quando a base não atravessa, Cindy brilha, como na faixa "Santa Terra", na qual mostra suas habilidades tanto como rimadora quanto como cantora.
Se não tem uma voz tão poderosa quanto a da colega, Quelynah pelo menos é mais coerente e estréia na boa companhia de Simone Soul, Vanessa Jackson e outros.
Com letras simples, a cantora apostou em batidas para embalar a pista de dança e, assim, chegou mais próximo das divas do "r&b" -ainda que alguns "beats" sejam meio manjados.
A voz de Quelynah, que, em alguns momentos, soa como nos tempos em que fazia "backing vocal", pode ser mais bem trabalhada e as letras e bases, mais caprichadas. Mas o caminho é esse aí.
Pela corajosa empreitada, e o conjunto da obra na TV, no cinema e nos palcos, as duas até poderiam ganhar um "bom".
Mas, assim como evoluíram como atrizes, desde que fizeram o filme de Tata Amaral até estrearem na Globo, elas ainda podem amadurecer.


GRITE ALTO   
Artista:
Cindy
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 19, em média

QUELYNAH   
Artista:
Quelynah
Lançamento: Sonorabiz
Quanto: R$ 26, em média


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