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Crítica/"Lida"
Músico faz belo retorno às raízes com sotaque argentino
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Produtor, diretor musical, arranjador e intérprete: agora que resolveu tomar de vez as rédeas de
suas incursões fonográficas e
assumir o controle de quase todas as etapas da elaboração de
seus discos, o violonista Yamandú Costa retomou as raízes
gaúchas, como fica claro no disco "Lida", ao lado do contrabaixo acústico de Guto Wirtti e do
violino de Nicolas Krassik.
A opção regional vai muito
além das fotos com cuia de chimarrão ou de títulos de músicas sugestivos como "Bem Baguala", "Missionerita" e "Ana
Terra". O CD inteiro tem o sabor ligeiro e colorido das danças dos pampas, que o instrumentista executa com sua costumeira destreza e velocidade.
É certo que o regionalismo de
Yamandú não se restringe às
fronteiras de seu Estado e abraça generosamente os "hermanos" do outro lado da fronteira.
Se o cantador rural Atahualpa
Yupanqui parece estar rondando constantemente seu universo estético, é impossível não
notar, na faixa-título, a influência urbanizante e tangueira de
Astor Piazzolla.
Muito desse sabor portenho
se deve à presença do violino,
instrumento mais ligado ao
tango do que à MPB. Radicado
no Brasil desde 2001, o francês
Nicolas Krassik, felizmente,
não toma as breguices açucaradas de André Rieu como modelo ao trazer seu instrumento
para a música popular. Antes,
Fernando Suárez Paz, um dos
violinistas preferidos de Piazzolla, parece ser uma influência
mais presente (e benéfica), com
a utilização de efeitos bastante
característicos da escrita do
compositor argentino.
Krassik toca em uníssono
com Yamandú ou acompanhado por seus vigorosos arpejos
na maioria das dez faixas do
disco, quase todas de autoria do
violonista (há duas faixas-bônus). Se um dia eles resolverem
enriquecer a textura de contraponto das peças, o resultado, já
agradável, soará ainda melhor.
LIDA
Artista : Yamandú Costa
Gravadora: Tratore
Quanto: R$ 21
Cotação: bom
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