São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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Crítica/"Lida"

Músico faz belo retorno às raízes com sotaque argentino

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Produtor, diretor musical, arranjador e intérprete: agora que resolveu tomar de vez as rédeas de suas incursões fonográficas e assumir o controle de quase todas as etapas da elaboração de seus discos, o violonista Yamandú Costa retomou as raízes gaúchas, como fica claro no disco "Lida", ao lado do contrabaixo acústico de Guto Wirtti e do violino de Nicolas Krassik.
A opção regional vai muito além das fotos com cuia de chimarrão ou de títulos de músicas sugestivos como "Bem Baguala", "Missionerita" e "Ana Terra". O CD inteiro tem o sabor ligeiro e colorido das danças dos pampas, que o instrumentista executa com sua costumeira destreza e velocidade.
É certo que o regionalismo de Yamandú não se restringe às fronteiras de seu Estado e abraça generosamente os "hermanos" do outro lado da fronteira. Se o cantador rural Atahualpa Yupanqui parece estar rondando constantemente seu universo estético, é impossível não notar, na faixa-título, a influência urbanizante e tangueira de Astor Piazzolla.
Muito desse sabor portenho se deve à presença do violino, instrumento mais ligado ao tango do que à MPB. Radicado no Brasil desde 2001, o francês Nicolas Krassik, felizmente, não toma as breguices açucaradas de André Rieu como modelo ao trazer seu instrumento para a música popular. Antes, Fernando Suárez Paz, um dos violinistas preferidos de Piazzolla, parece ser uma influência mais presente (e benéfica), com a utilização de efeitos bastante característicos da escrita do compositor argentino.
Krassik toca em uníssono com Yamandú ou acompanhado por seus vigorosos arpejos na maioria das dez faixas do disco, quase todas de autoria do violonista (há duas faixas-bônus). Se um dia eles resolverem enriquecer a textura de contraponto das peças, o resultado, já agradável, soará ainda melhor.


LIDA
Artista :
Yamandú Costa
Gravadora: Tratore
Quanto: R$ 21
Cotação: bom


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