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Crítica
Walter Lima Jr. torna possível ver o invisível
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Há tempos que não se vê um
filme de Walter Lima Jr., o que,
aliás, é uma pena.
Seus filmes têm a particularidade de permitir uma leitura
rápida, imediata -na tradição
do cinema clássico americano,
quase se poderia dizer que se
trata de uma dimensão de
encantamento.
Ao mesmo tempo, essas imagens se deixam decantar lentamente. São gestos, roupas,
maneiras de dizer e andar
que se revelam pouco a pouco
ao espectador.
Será um cinema que nos ajuda a pensar? Talvez. Em "A Ostra e o Vento" (Canal Brasil,
22h), temos a história simples
e no entanto delirante da menina solitária cujo envolvimento sensorial com o vento adquire um caráter até sexual.
Bem, como diria Borges,
qualquer coisa pode nos ajudar
a pensar. O que Walter Lima
consegue de realmente prodigioso é nos fazer ver o invisível:
operação que só ao cinema
é dado aspirar. E que a poucos
cineastas, nem sempre os
mais valorizados, é dado
concretizar.
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