São Paulo, terça-feira, 04 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

Autora de "América" (nova trama das 8), Glória Perez fala sobre a idéia de pôr uma favela no centro da história

"Queria casas mais pobres na minha novela"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"América", a nova novela das oito da Globo, estréia em março e pode mudar a história dos pobres da teledramaturgia. Sol, a mocinha, irá morar num barraco de favela. E com cara de favela mesmo.
Até hoje, por mais sem dinheiro que sejam os personagens da Globo, suas casas costumam ter um ar quase romântico, com vasinho de flor e cortina de renda na janela. Dos moradores do Andaraí de "Celebridade" aos freqüentadores do piscinão de Ramos em "O Clone", todos contavam com um lar "simples, mas bem ajeitado".
"América" promete ser diferente. Terá cenas gravadas no morro Dona Marta e na favela cenográfica com oito barracos construída no mirante Mundo Novo, no Rio. Uma das moradoras é a protagonista Sol (Deborah Secco).

Rejeição
Consultor em teledramaturgia da Globo e doutor no tema pela USP, Mauro Alencar disse em recente entrevista à Folha que "classes sociais mais baixas não gostam de ver pobreza nas novelas".
"Brasileiras e Brasileiros" [SBT, 91], que mostrava miséria, foi um fracasso. A pobreza da novela vai todo dia à casa do telespectador, tem de ser estilizada. As pessoas querem sonhar com a ascensão, ver que rico também tem problemas. Essa é a razão do sucesso de "Os Ricos Também Choram"."
Sobre a tese de Alencar, Glória Perez diz que "as casas dos pobres são concebidas pela cenografia". "Nas minhas novelas eu preferiria também que elas fossem mais pobres do que costumam ser."
A autora nega que tenha optado por incluir uma favela no núcleo central de "América" por influência do sucesso da minissérie "Cidade dos Homens" e do filme "Cidade de Deus", que mostram o ambiente com forte realismo.
"Em "De Corpo e Alma" [1992], tinha personagens que moravam na [favela da] Rocinha, e através disso pude mostrar os grupos de teatro e outros movimentos da comunidade. Sempre misturei ficção com realidade, desde o início de minha carreira. Essa sempre foi a minha marca", afirmou.
"América" será dirigida por Jayme Monjardim, e a criação dos barracos fictícios ficou a cargo do cenógrafo Gilson Santos e da produtora de arte Tiza de Oliveira.


Texto Anterior: José Simão: Fogos 2005! O Garotinho soltou um pum!
Próximo Texto: Programação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.