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TELEVISÃO
Autora de "América" (nova trama das 8), Glória Perez fala sobre a idéia de pôr uma favela no centro da história
"Queria casas mais pobres na minha novela"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"América", a nova novela das
oito da Globo, estréia em março e
pode mudar a história dos pobres
da teledramaturgia. Sol, a mocinha, irá morar num barraco de favela. E com cara de favela mesmo.
Até hoje, por mais sem dinheiro
que sejam os personagens da Globo, suas casas costumam ter um
ar quase romântico, com vasinho
de flor e cortina de renda na janela. Dos moradores do Andaraí de
"Celebridade" aos freqüentadores do piscinão de Ramos em "O
Clone", todos contavam com um
lar "simples, mas bem ajeitado".
"América" promete ser diferente. Terá cenas gravadas no morro
Dona Marta e na favela cenográfica com oito barracos construída
no mirante Mundo Novo, no Rio.
Uma das moradoras é a protagonista Sol (Deborah Secco).
Rejeição
Consultor em teledramaturgia
da Globo e doutor no tema pela
USP, Mauro Alencar disse em recente entrevista à Folha que "classes sociais mais baixas não gostam de ver pobreza nas novelas".
"Brasileiras e Brasileiros" [SBT,
91], que mostrava miséria, foi um
fracasso. A pobreza da novela vai
todo dia à casa do telespectador,
tem de ser estilizada. As pessoas
querem sonhar com a ascensão,
ver que rico também tem problemas. Essa é a razão do sucesso de
"Os Ricos Também Choram"."
Sobre a tese de Alencar, Glória
Perez diz que "as casas dos pobres
são concebidas pela cenografia".
"Nas minhas novelas eu preferiria
também que elas fossem mais pobres do que costumam ser."
A autora nega que tenha optado
por incluir uma favela no núcleo
central de "América" por influência do sucesso da minissérie "Cidade dos Homens" e do filme "Cidade de Deus", que mostram o
ambiente com forte realismo.
"Em "De Corpo e Alma" [1992],
tinha personagens que moravam
na [favela da] Rocinha, e através
disso pude mostrar os grupos de
teatro e outros movimentos da
comunidade. Sempre misturei
ficção com realidade, desde o início de minha carreira. Essa sempre foi a minha marca", afirmou.
"América" será dirigida por Jayme Monjardim, e a criação dos
barracos fictícios ficou a cargo do
cenógrafo Gilson Santos e da produtora de arte Tiza de Oliveira.
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