Hedi Slimane/Vogue

Imagens do guarda-roupa dos Rolling Stones

Folha - Por que o interesse pelo rock? O que esse livro significa para o senhor?
Hedi Slimane - O interesse pelo assunto surgiu na minha adolescência. Tive momentos distintos de amor pelo rock: cresci com ele, me desliguei e, em seguida, iniciei o projeto do livro. Isso aconteceu há três anos, quando a cena rock, ainda moribunda, acordou, energizada por uma nova geração de grupos e de fãs. Esse livro é como se fosse um diário, tudo é percebido de dentro para fora.

Folha - As suas fotos não são clássicas, no sentido de registrar uma ação em cena. Qual foi sua intenção ao fotografar não só as bandas mas também os detalhes de um show?
Slimane - O ritual, a liturgia. O que sempre me pareceu quase um ato religioso num show de rock, que é o culto, a adoração.

Folha - O senhor escolheu bandas como Franz Ferdinand, Air, Stones e Sonic Youth. A seleção foi baseada em gosto pessoal ou foi uma simples questão de amizade?
Slimane - Amizades e gosto pessoal ao mesmo tempo. Eu visto muitos grupos desde o começo, como o Franz Ferdinand.

Folha - Como devem ser as roupas de uma banda de rock?
Slimane - É uma questão de discernimento. Gosto dos roqueiros com atitudes naturais em cena. E visto cada um de acordo com sua personalidade.

Folha - Qual a diferença de criar looks para os Rolling Stones ou os Franz Ferdinand?
Slimane - É mais ou menos a mesma coisa. No caso do Mick [Jagger], existe a tradição da roupa de cena escolhida especificamente para uma turnê, do que é a cara do Mick ou não. Suas roupas são extremamente cintilantes, visuais, é muito divertido criá-las. Por outro lado, Alex [Kapranos, vocalista e guitarrista do Franz Ferdinand] está no começo de sua carreira e o seu estilo ainda está em gestação. Mas existe nele um entrosamento perfeito com as minhas criações, é impressionante.

Folha - Kapranos é considerado um dos cantores mais elegantes do cena rock ultimamente. O sr. se sente responsável por esse elogio?
Slimane - Alex é muito elegante, mas principalmente muito carismático. É sem dúvida uma dobradinha que funciona.

Folha - O que o senhor aprecia nos grupos que escolheu fotografar?
Slimane - A energia, o estilo, a nonchalance.

Folha - Desde quando o senhor é um fã de rock?
Slimane - Desde os 6 anos. David Bowie foi o meu primeiro ídolo.

Folha - Quais estilos o senhor mais gosta e quais os seu grupos favoritos? O senhor vai a muitos shows?
Slimane - Passo um grande tempo da minha vida assistindo a shows de rock e sempre levo comigo uma câmera fotográfica. Me interessa registrar essa cena que hoje está em ebulição. Gosto de grupos como o Babe Shambles [de Peter Doherty, ex-Libertines], do Razorlight e do The Others, todos bastante excitantes.

Folha - Por que a idéia de fazer um livro com esse material?
Slimane - Eu tinha muitos arquivos e documentações. Antes de virar um livro, "Stage" deveria ser um projeto aberto, chamado "The Stage Project". Mas, como também iniciei uma série de instalações de vídeo em volta dele, a idéia cresceu.

Folha - O que o atrai na moda e o que o atrai na fotografia?
Slimane - A moda é para o dia e a fotografia é essencialmente para a noite. Fotografo desde os 11 anos. Me tornei estilista por acaso, porque a fotografia sempre foi uma via natural da minha carreira. Só depois descobri que a moda era a minha paixão verdadeira. Era mais forte do que eu.

Folha - Por que fotografar em preto-e-branco?
Slimane - É um assunto ideal para o preto-e-branco. Eu estabeleci que a minha memória do rock, aquela com a qual eu brinco, é em preto-e-branco.


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