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SHOW
Humaitá Pra Peixe reúne novos nomes da música pop brasileira neste mês
Rock impera em festival carioca
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Houve uma vez um verão carioca, o de 1994, em que um grupo de
jovens liderados pelo produtor
Bruno Levinson realizou um festival de nome curioso e futuro incerto: o Humaitá Pra Peixe. Depois de ver sua cria consagrada janeiro após janeiro, Levinson tenta
agora fazê-la crescer sem que deixe de ser uma festa alternativa,
voltada para novos nomes da música pop brasileira.
A edição que começa hoje e vai
até o último dia do mês conta com
mais três palcos: a boate Melt, no
Leblon; o Touché, em Nitéroi; e o
Circo Voador, na Lapa. Além destes, há o galpão que sedia o festival
desde o primeiro ano: Espaço
Cultural Sérgio Porto, no Humaitá (zona sul).
"Estamos buscando um crescimento horizontal, para os lados.
Não adianta virar mainstream, ir
para palcos grandes e perder o
conceito", afirma Levinson.
De acordo com essa linha, só há
na programação principal, a do
Sérgio Porto, um nome de maior
peso: André Abujamra. O restante são nomes desconhecidos do
grande público como os grupos
de rock Gram, Ludov, Canastra,
Ramirez e Eisah. "A diversidade
sempre predomina, mas acho que
neste ano há mais bandas de rock.
São bandas muito boas, numa linha indie", diz Levinson.
Exaltados pelo produtor, o
quinteto carioca Eisah se diz mais
"new metal" do que indie. Mais
disposto a embaralhar sons do
que a optar por vertentes. "Gostamos do [DJ inglês] Roni Size e do
[grupo pernambucano] Cordel
do Fogo Encantado, de heavy metal e do [grupo inglês] The Police.
Somos abertos para misturar várias referências", diz Bruno Romagueira, 23, baterista do Eisah.
Assim como outras bandas selecionadas, o Eisah já tem seu público, que vem se formando desde
sua criação, em 2001. Mas o Humaitá Pra Peixe significa a possibilidade de um salto para um público maior e para um primeiro
CD profissional, não o demo que
qualquer grupo tem hoje.
"Ter CD não é um grande critério hoje. Os avanços tecnológicos
facilitaram as gravações, mas o talento não aumentou. Recebi muitos CDs tecnicamente resolvidos,
mas sem qualidade. Ouvi muita
coisa para achar quem era bom",
conta Levinson.
Como não tinha um CD que
considerava satisfatório, Nina
Becker foi pessoalmente ao encontro de Levinson mostrar seu
trabalho. Agradou tanto que foi
escolhida para abrir o festival. E
ainda passou a ser comparada pelo produtor a Nara Leão, por também tocar violão e gostar de regravar músicas antigas. "A Nara é
uma grande referência, e eu gosto
mesmo de pesquisar pérolas antigas. Mas isso eu faço na Orquestra
Imperial [da qual é uma das vocalistas]. Nos meus shows, o caminho é o inverso: gravo músicas
novas com uma textura antiga",
explica ela, que tem Moreno Veloso e Domenico Lancelotti entre os
compositores que canta.
Moreno e Domenico são os "+
2" de Kassin + 2, outra atração do
Sérgio Porto. Eles tocarão na mesma noite de Donatinho, filho de
João Donato. Nos outros palcos
do festival, haverá Gustavo Black
Alien e Marcelinho da Lua, entre
outros. Pedro Luís e A Parede farão no Circo Voador um show de
encerramento.
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