São Paulo, terça-feira, 04 de janeiro de 2005

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SHOW

Humaitá Pra Peixe reúne novos nomes da música pop brasileira neste mês

Rock impera em festival carioca

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Houve uma vez um verão carioca, o de 1994, em que um grupo de jovens liderados pelo produtor Bruno Levinson realizou um festival de nome curioso e futuro incerto: o Humaitá Pra Peixe. Depois de ver sua cria consagrada janeiro após janeiro, Levinson tenta agora fazê-la crescer sem que deixe de ser uma festa alternativa, voltada para novos nomes da música pop brasileira.
A edição que começa hoje e vai até o último dia do mês conta com mais três palcos: a boate Melt, no Leblon; o Touché, em Nitéroi; e o Circo Voador, na Lapa. Além destes, há o galpão que sedia o festival desde o primeiro ano: Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá (zona sul).
"Estamos buscando um crescimento horizontal, para os lados. Não adianta virar mainstream, ir para palcos grandes e perder o conceito", afirma Levinson.
De acordo com essa linha, só há na programação principal, a do Sérgio Porto, um nome de maior peso: André Abujamra. O restante são nomes desconhecidos do grande público como os grupos de rock Gram, Ludov, Canastra, Ramirez e Eisah. "A diversidade sempre predomina, mas acho que neste ano há mais bandas de rock. São bandas muito boas, numa linha indie", diz Levinson.
Exaltados pelo produtor, o quinteto carioca Eisah se diz mais "new metal" do que indie. Mais disposto a embaralhar sons do que a optar por vertentes. "Gostamos do [DJ inglês] Roni Size e do [grupo pernambucano] Cordel do Fogo Encantado, de heavy metal e do [grupo inglês] The Police. Somos abertos para misturar várias referências", diz Bruno Romagueira, 23, baterista do Eisah.
Assim como outras bandas selecionadas, o Eisah já tem seu público, que vem se formando desde sua criação, em 2001. Mas o Humaitá Pra Peixe significa a possibilidade de um salto para um público maior e para um primeiro CD profissional, não o demo que qualquer grupo tem hoje.
"Ter CD não é um grande critério hoje. Os avanços tecnológicos facilitaram as gravações, mas o talento não aumentou. Recebi muitos CDs tecnicamente resolvidos, mas sem qualidade. Ouvi muita coisa para achar quem era bom", conta Levinson.
Como não tinha um CD que considerava satisfatório, Nina Becker foi pessoalmente ao encontro de Levinson mostrar seu trabalho. Agradou tanto que foi escolhida para abrir o festival. E ainda passou a ser comparada pelo produtor a Nara Leão, por também tocar violão e gostar de regravar músicas antigas. "A Nara é uma grande referência, e eu gosto mesmo de pesquisar pérolas antigas. Mas isso eu faço na Orquestra Imperial [da qual é uma das vocalistas]. Nos meus shows, o caminho é o inverso: gravo músicas novas com uma textura antiga", explica ela, que tem Moreno Veloso e Domenico Lancelotti entre os compositores que canta.
Moreno e Domenico são os "+ 2" de Kassin + 2, outra atração do Sérgio Porto. Eles tocarão na mesma noite de Donatinho, filho de João Donato. Nos outros palcos do festival, haverá Gustavo Black Alien e Marcelinho da Lua, entre outros. Pedro Luís e A Parede farão no Circo Voador um show de encerramento.


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