André Mehmari Trio leva "Lachrimae" ao Sesc Pinheiros

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 2005 ele gravou o aclamado álbum "Piano e Voz" com a cantora Ná Ozzetti; apresentou-se com o Quarteto de Cordas da Cidade; escreveu arranjos para a Orquestra Jazz Sinfônica e lançou o disco "MPBaby Beatles".
2006 nem bem começou, e o talentoso pianista André Mehmari, 28, está de volta, desta vez no formato trio. Acompanhado do baterista Sérgio Reze e do baixista Zé Alexandre, Mehmari reabre hoje a programação musical do auditório do Sesc Pinheiros.
O show é centrado no repertório de "Lachrimae" (2004), no qual composições de Mehmari e clássicos da MPB se encontram.
"O repertório é baseado no disco, mas muita coisa se modificou. Os arranjos já previam essa metamorfose, e foi o que aconteceu", conta Mehmari. "Com o tempo, a coisa flui melhor e adquire uma unidade que vem justamente dessa intimidade de cada músico com aquele texto musical."
Do disco, o trio tocará "Dindi" (Tom Jobim), "Só Louco" (Dorival Caymmi), "Amor Perfeito" (Nelson Cavaquinho) e, concentradas na parte final, composições de Mehmari: "Eternamente", "Uma Valsa em Forma de Árvore", "Canto Primeiro" e "Lachrimae". O repertório traz ainda "Chovendo na Roseira" e "A Felicidade" (de Tom), "O Sol Nascerá" (de Cartola), "Choro da Contínua Amizade" e "Veredas" -ambas de Mehmari.
Num momento solo, o pianista mostra a sua "Tico-Tico Valsa", "O Futebol" (Chico Buarque), "Odeon" (Ernesto Nazareth) e "Choro pro Zé" (Guinga).

Compositor e instrumentista
Se 2005 foi "o" ano para André Mehmari, 2006 se inicia com novos projetos e intenções.
"Foi um ano bastante produtivo, realmente. O reconhecimento do disco com a Ná... Foi o que teve maior exposição. Muita gente que não conhecia o meu trabalho teve a chance de chegar por meio deste", diz o pianista.
E, diante do sucesso de "Piano e Voz", pode-se esperar uma continuidade na parceria com Ná Ozzetti? "Nós temos planos. Talvez não seja um CD, mas um DVD com registro de coisas novas."
À semelhança de "Piano e Voz", o próximo trabalho deve ser feito de maneira independente.
"Sempre trabalhei assim. Acabava gravando, editando... Eu gosto de ter o controle do processo todo, da microfonação à masterização. É uma característica minha. Ganho não só na criatividade, mas no relaxamento. Como foi gravado na minha casa, não tínhamos o estresse da hora de estúdio. Tínhamos liberdade para gerenciar o nosso tempo, a nossa gravação. Isso nos possibilitou um exercício de perfeccionismo que é audível no álbum. Havia um relaxamento e, ao mesmo tempo, muito cuidado com a música."
Tal cuidado e competência musical levou o pianista à experiência de tocar com o Quarteto de Cordas da Cidade.
"Foi um intenso aprendizado musical, não só como compositor mas como camerista. Deu uma confiança como compositor, já que o próprio quarteto elogiou muito a peça. E tendo em vista que eles têm contato com música de altíssimo nível..."
E para 2006, há outros planos?
"Estou o tempo todo trabalhando, mesmo que não seja diretamente num disco. Estou compondo bastante e quero ver se componho mais ainda neste ano."