São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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THIAGO NEY

Você vai gostar desta garota


Com roteiro eficaz e direção delicada, o filme "Juno", sobre adolescente grávida, se mostra esperto e apaixonante

FILMES SOBRE ou para adolescentes parecem ser um filão inesgotável para Hollywood, mas as tentativas de retratar seus personagens dificilmente escapam de estereótipos manjados. Uma espécie rara nesse segmento é "Juno", que estreou no Natal nos EUA, mas que, acredite, será uma das melhores coisas que passarão pelos cinemas em 2008.
Juno MacGuff tem 16 anos, vive numa cidadezinha de Minnesota com seu pai e a madrasta e descobre estar grávida de um amigo do colégio. Em um filme mainstream de Hollywood, esse ponto de partida provavelmente seria desenrolado com olhar condescendente, moralista; num filme de Larry Clark, Juno certamente iria se tornar viciada em heroína e morreria ao tentar fazer um aborto com algum açougueiro... Mas, com um roteiro surpreendentemente simples e eficaz e com uma direção delicada, "Juno" se mostra um filme esperto e apaixonante.
Juno descobre estar grávida. Ela pensa em aborto, mas logo desiste. Decide encarar a gravidez para, depois, doar o bebê para alguém que possa criá-lo. Por meio de um anúncio em uma revista, encontra o casal perfeito, mulher (Jennifer Garner) e marido (Jason Bateman) que vivem numa bela casa.
O pai apóia a decisão da filha, e a madrasta é bem diferente das madrastas que estamos acostumados a ver no cinema...
Interpretada com perfeição por Ellen Page, Juno é inteligente (mas não nerd), é engraçada (mas não estúpida), bonita (mas não perfeita) e freqüenta a escola como uma garota qualquer (não é a mais popular do colégio nem a mais esquisita). O filme ganha ritmo e humor com suas piadas e referências pop (ela adora Stooges e acha que Sonic Youth faz apenas barulho).
"O que eu gostei em Juno foi o fato de ela parecer muito mais genuína e honesta do que as adolescentes retratadas pelo cinema", disse Page à revista "Paste", que classificou "Juno" como o melhor filme de 2007.
Dirigido por Jason Reitman, que é não apenas filho do Ivan Reitman (o cara que nos deu "Os Caça-Fantasmas") mas responsável pelo cáustico "Obrigado por Fumar", "Juno" transita sem atropelar os clichês típicos do gênero e sem apelar para nenhuma curva mais arriscada em seu roteiro.
A história, aliás, é de Diablo Cody, uma escritora que costumava escrever uma coluna de comportamento em um jornal de Minneapolis.
"Juno" é seu primeiro roteiro para um longa, e ela já foi escalada para trabalhar em "The United States of Tara", uma série televisiva estrelada por Toni Collette e que está sendo produzida por Steven Spielberg.
Por onde passou, "Juno" foi bem recebido, como nos festivais de Toronto e Roma, o que ajudou a produção a abocanhar três indicações para o próximo Globo de Ouro, cuja cerimônia acontece em 13 de janeiro: para Ellen Page (melhor atriz em comédia/musical); para melhor filme (comédia/ musical); e para Diablo Cody (roteiro).
Juno passará pelos cinemas do Brasil a partir do início de fevereiro. Não deixe de conhecê-la.


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