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"CURTA ÀS SEIS"
'Curta os Excluídos' no Unibanco
ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha
O Espaço Unibanco estréia hoje o vigésimo
programa do projeto "Curta
Às Seis". Trata-se de uma
opção de fim de tarde, um
programa gratuito, rápido,
de cerca de 1 hora, que divulga filmes nacionais de curta
metragem. Em tempos em
que se discute a obrigatoriedade de exibição de curtas, a
iniciativa garante a exposição de produções que de outra maneira seriam difíceis
de se ver. Possibilita também
a divulgação de filmes produzidos fora do eixo Rio -São Paulo.
De 4 a 17 de fevereiro estará em exibição a seleção
"Curta Os Excluídos", composta de 4 filmes que de alguma forma abordam grupos de pessoas marginalizadas. O programa é menos
inspirador que versões anteriores.
"A pessoa é para o que
nasce", documentário de
1998 do premiado diretor
carioca Roberto Berliner,
abre a programação. O filme, com 6 minutos de duração trata de 3 irmãs cegas
que cantam e tocam chocalhos feitos de lata em troca
de esmola nas ruas de Campina Grande, Paraíba. As informações são da sinopse.
No filme, assistimos ao canto intercalado com depoimento de 3 mulheres cegas.
É de uma delas a frase conformista que dá título ao filme.
O segundo filme do programa, "Algo em Comum",
tem poesia. O trabalho é de
1999 e foi dirigido por Reinaldo Pinheiro e Edú Ramos
e feito em cima de argumento inicial da psicanalista Míriam Schnaiderman. Aqui
um menino negro, perseguido pelas ruas de São Paulo,
chega ao ensaio de um coral
judaico, composto por homens e mulheres de terceira
idade. O menino observa envolvido. Os créditos passam
ao som de uma voz infantil
que entoa em português a
saga nazista da música que o
coral cantava. Ao cantar, o
menino se solidariza.
"Naturezas Mortas" de
Penna Filho, documenta a
sina dos mineiros de carvão
de Santa Catarina, condenados a uma doença pulmonar, tema também do documentário "Os Carvoeiros",
exibido na última Mostra Internacional de Cinema de
São Paulo. Apesar do assunto forte, o filme é pouco envolvente.
Por fim, "Valdir e Rute",
ficção paranaense de Elói Pires Ferreira, de15 minutos,
ironiza o fascínio com os eletrodomésticos que assola
igualmente favelados, trabalhadores honestos, mas desprovidos, ladrões, e membros da classe média, fregueses das lojas populares. Mas
o almejado fogão de seis bocas e forno auto limpante
permanece inacessível aos
pobres.
Os filmes individualmente
são fracos. Com exceção de
"Algo em Comum", que como o título indica, propõe
algo original sobre dois tipos
de discriminação, os filmes
nesse programa limitam-se
a constatar carências e a representar carentes de maneira estática e conformista.
Avaliação **
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