São Paulo, #!L#Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


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"CURTA ÀS SEIS"
'Curta os Excluídos' no Unibanco

ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha

O Espaço Unibanco estréia hoje o vigésimo programa do projeto "Curta Às Seis". Trata-se de uma opção de fim de tarde, um programa gratuito, rápido, de cerca de 1 hora, que divulga filmes nacionais de curta metragem. Em tempos em que se discute a obrigatoriedade de exibição de curtas, a iniciativa garante a exposição de produções que de outra maneira seriam difíceis de se ver. Possibilita também a divulgação de filmes produzidos fora do eixo Rio -São Paulo.
De 4 a 17 de fevereiro estará em exibição a seleção "Curta Os Excluídos", composta de 4 filmes que de alguma forma abordam grupos de pessoas marginalizadas. O programa é menos inspirador que versões anteriores.
"A pessoa é para o que nasce", documentário de 1998 do premiado diretor carioca Roberto Berliner, abre a programação. O filme, com 6 minutos de duração trata de 3 irmãs cegas que cantam e tocam chocalhos feitos de lata em troca de esmola nas ruas de Campina Grande, Paraíba. As informações são da sinopse. No filme, assistimos ao canto intercalado com depoimento de 3 mulheres cegas. É de uma delas a frase conformista que dá título ao filme.
O segundo filme do programa, "Algo em Comum", tem poesia. O trabalho é de 1999 e foi dirigido por Reinaldo Pinheiro e Edú Ramos e feito em cima de argumento inicial da psicanalista Míriam Schnaiderman. Aqui um menino negro, perseguido pelas ruas de São Paulo, chega ao ensaio de um coral judaico, composto por homens e mulheres de terceira idade. O menino observa envolvido. Os créditos passam ao som de uma voz infantil que entoa em português a saga nazista da música que o coral cantava. Ao cantar, o menino se solidariza.
"Naturezas Mortas" de Penna Filho, documenta a sina dos mineiros de carvão de Santa Catarina, condenados a uma doença pulmonar, tema também do documentário "Os Carvoeiros", exibido na última Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Apesar do assunto forte, o filme é pouco envolvente.
Por fim, "Valdir e Rute", ficção paranaense de Elói Pires Ferreira, de15 minutos, ironiza o fascínio com os eletrodomésticos que assola igualmente favelados, trabalhadores honestos, mas desprovidos, ladrões, e membros da classe média, fregueses das lojas populares. Mas o almejado fogão de seis bocas e forno auto limpante permanece inacessível aos pobres.
Os filmes individualmente são fracos. Com exceção de "Algo em Comum", que como o título indica, propõe algo original sobre dois tipos de discriminação, os filmes nesse programa limitam-se a constatar carências e a representar carentes de maneira estática e conformista.
Avaliação **


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