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SÃO PAULO FASHION WEEK
Manufatura brasileira
Lino Ventura e Reinaldo Lourenço exercitam-se nas tendênciais, com trajetórias diferentes
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Reinaldo Lourenço e Lino Villaventura fizeram os dois mais importantes desfiles da sexta-feira, o
último dia da São Paulo Fashion
Week (leia balanço abaixo).
Em sintonia com os novos tempos da moda, Lino Villaventura
vem suave como um entardecer,
em seu desfile que quer ser metáfora para a transformação e a passagem do tempo, segundo o estilista.
Mais suave, mais calmo, Villaventura exercita-se com habilidade, em um momento em que a
"tendência" bate à sua porta. É coisa que de quando em quando
acontece com criadores autorais.
É o momento de Lino, não só porque seus trabalhos de nervuras,
volumes, texturas e cores súbito
ganha um aval global, mas porque
de algumas coleções para cá, finalmente, ele alcançou aquele curioso status de unanimidade, passando de maldito ou marginal para querido, adorado.
Tanto melhor. E que bom que
esse momento é vivido com maturidade e serenidade. É assim
que ele desfila suas mulheres, divas densas que controlam seus
dramas desta vez em expressivas
sobrancelhas e rosto branco tipo
Nô -o máximo de teatralidade a
que se permitem, na passarela, é
um bom perfil.
Do início em negro, bem-construído, em silhuetas impecáveis,
plissados e amarrados, passa-se
para o trabalho dos arabescos,
pincelando na parte mais incrível,
a das estampas art-nouveau, que
passa para o final mais esfuziante,
ainda que contido, em gazar dourado no vestido sol em Marcelle
Um inverno que dá continuidade às idéias de Reinaldo Lourenço
começa bem o último dia da São
Paulo Fashion Week.
O tema é utilitarismo misturado
com romantismo, com approach
urbano e moderno. As formas dos
costumes renascentistas ganham
versão terceiro milênio e embalagem avant-garde.
É um bonito desfile, que tem como principais pontos a construção dos looks, na sobreposição e
jogos de texturas dos materiais.
Os apliques de plaquinhas em
preto e no dourado conferem nobreza ao novo estilo de Reinaldo
Lourenço, que pretende criar um
novo operariado fashion, e os
principais acertos estão nessas autorais idéias.
Favoritos: o macacão do início;
as saias com fitinhas e fechos; os
falsos capuzes e falsas alças de
mochila; as mochilas em si; os
bloomers; a camisolona azul plissada (momento fashion); as novas calças, fluidas e confortáveis;
as bermudas; o look de capa em
creme de Jeísa Chiminazzo; a trilha electro-industrial; o casting, o
styling
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