São Paulo, sábado, 04 de fevereiro de 2006

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DOCUMENTÁRIO

Um olhar humanista sobre presidiários

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O documentário "O Prisioneiro da Grade de Ferro", de Paulo Sacramento (GNT, amanhã, 0h30), angariou diversos prêmios pelos numerosos festivais nos quais foi exibido, sendo destaque em um ano que teve fortes pares, como "Entreatos", de João Moreira Salles, "Peões", de Eduardo Coutinho, e "33", de Kiko Goifman.
Em uma das discussões de premiação, a da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), em 2004, apesar de o prêmio principal de melhor filme do ano ter sido dividido entre os títulos de Moreira Salles e Coutinho, houve um prêmio especial para estreante em longa-metragem apenas para contemplar "O Prisioneiro...".
É um exemplo de como consegue ser marcante este filme, que retrata os detentos do agora posto abaixo complexo prisional do Carandiru, em São Paulo, incluindo olhares dos próprios presos, já que câmeras foram dadas a eles para realizarem seus registros.
Experiente montador, Sacramento logo no início já exibe sua direção habilidosa ao utilizar, em vários ângulos, a imagem da implosão dos pavilhões da prisão, só que em sentido inverso. Assim, do pó dos entulhos ressurge com força um universo humano que tanto seduz como repele.
Tal opção deixa claro que Sacramento, ao contrário de outros documentaristas que se apóiam mais no conteúdo que na forma, vai tentar realizar um produto audiovisual que se apóie nas imagens, mais que em expedientes como narração em off, créditos explicativos e outros similares.
Obviamente, o documentário capta aspectos humanistas do ambiente prisional, como as esperadas visitas, a produção de pinga artesanal, o jogo de futebol, os ratos abundantes. Mas Sacramento explicita tal escolha desde o início. Não poderia ser mais acertada.


O Prisioneiro da Grade de Ferro
Quando:
amanhã, à 0h30, no GNT


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