|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DOCUMENTÁRIO
Um olhar humanista sobre presidiários
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O documentário "O Prisioneiro
da Grade de Ferro", de Paulo Sacramento (GNT, amanhã, 0h30),
angariou diversos prêmios pelos
numerosos festivais nos quais foi
exibido, sendo destaque em um
ano que teve fortes pares, como
"Entreatos", de João Moreira Salles, "Peões", de Eduardo Coutinho, e "33", de Kiko Goifman.
Em uma das discussões de premiação, a da APCA (Associação
Paulista de Críticos de Arte), em
2004, apesar de o prêmio principal de melhor filme do ano ter sido dividido entre os títulos de
Moreira Salles e Coutinho, houve
um prêmio especial para estreante em longa-metragem apenas para contemplar "O Prisioneiro...".
É um exemplo de como consegue ser marcante este filme, que
retrata os detentos do agora posto
abaixo complexo prisional do Carandiru, em São Paulo, incluindo
olhares dos próprios presos, já
que câmeras foram dadas a eles
para realizarem seus registros.
Experiente montador, Sacramento logo no início já exibe sua
direção habilidosa ao utilizar, em
vários ângulos, a imagem da implosão dos pavilhões da prisão, só
que em sentido inverso. Assim,
do pó dos entulhos ressurge com
força um universo humano que
tanto seduz como repele.
Tal opção deixa claro que Sacramento, ao contrário de outros documentaristas que se apóiam
mais no conteúdo que na forma,
vai tentar realizar um produto audiovisual que se apóie nas imagens, mais que em expedientes
como narração em off, créditos
explicativos e outros similares.
Obviamente, o documentário
capta aspectos humanistas do
ambiente prisional, como as esperadas visitas, a produção de pinga
artesanal, o jogo de futebol, os ratos abundantes. Mas Sacramento
explicita tal escolha desde o início.
Não poderia ser mais acertada.
O Prisioneiro da Grade de Ferro
Quando: amanhã, à 0h30, no GNT
Texto Anterior: Seriado: "Lost" estréia amanhã na Globo Próximo Texto: Drauzio Varella: Óleo de rícino Índice
|