São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

OPINIÃO

Peso do escândalo causado por "Último Tango em Paris" marcou toda a carreira

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Maria Schneider será sempre lembrada como a amante de Marlon Brando em "O Último Tango em Paris" (1972), de Bernardo Bertolucci.
Não se deve esquecer de que, naquela época, Brando era um dos maiores astros do cinema. Tinha acabado de ganhar -e recusar- um Oscar por "O Poderoso Chefão" (1972). E Maria Schneider era apenas uma atriz desconhecida de 20 anos.
Mesmo assim, ela não se intimidou. Encarou Brando de frente numa performance eletrizante. Dois atores, um homem de 48 anos e uma mulher de 20, mergulhando de cabeça num abismo de sexo e morte.
O filme causou escândalo. E Maria Schneider carregou por toda a vida o peso desse escândalo.
Infelizmente, ela é muito mais lembrada hoje em dia por algumas imagens mais ousadas do filme de Bertolucci -especialmente pela mítica "cena da manteiga", que, segundo ela, foi totalmente improvisada por Brando- do que por sua atuação extraordinária.

HEROÍNA
Não se sabe se foi a fama tão precoce, mas o fato é que a atriz pirou. Em 1975, abandonou um set de filmagem e se internou num hospital psiquiátrico. Acabou viciada em heroína.
Ainda acusou Bertolucci de ser "um gângster" e disse ter sido manipulada por ele e por Brando.
Um ano depois, foi despedida de "Esse Obscuro Objeto do Desejo", de Luis Buñuel, logo no começo das filmagens e substituída por duas atrizes: Ángela Molina e Carole Bouquet.
Schneider ainda teve sucesso no filme "Passageiro: Profissão Repórter" (1975), de Michelangelo Antonioni, novamente contracenando com um astro, Jack Nicholson. Mas nunca conseguiu retomar a carreira de forma mais consistente, apesar de ter feito mais de 20 filmes depois de "O Último Tango em Paris". Uma pena.


Texto Anterior: Morre, aos 58 anos, a atriz Maria Schneider
Próximo Texto: Crítica/Drama: Montagem de Albee sugere falência de produção teatral
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.