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LIVRO - LANÇAMENTOS
Branson perde virgindade em ritmo hedonista
France Presse
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O empresário Richard Branson em passeio de elefante na Índia |
JOÃO MARCELLO BÔSCOLI
especial para a Folha
Parece um conto
de fadas empresarial moderno: um
jovem inglês de sorriso magnético, ego
gigante e uma disposição absurda de trabalhar,
monta um império financeiro baseado em originalidade, diversão,
risco e muito prazer. Isso sem falar na sua mania de quebrar regras e de ser do contra.
A autobiografia de Richard
Branson, "Perdendo Minha Virgindade", conta sua versão da história da construção do império
Virgin, o conglomerado pop que
atua desde a fabricação de refrigerantes até serviços financeiros e
aviação comercial, passando por
transportes ferroviários e as chamadas "megastores".
Tudo isso sob a égide da deusa
Música, um de seus primeiros e
mais lucrativos negócios. Aliás,
negócios é que não faltam nessa
narrativa, descritos com uma
aparente franqueza e um inesperado bom humor.
Guerras e tombos
Para a maioria das pessoas, a
marca Virgin é imediatamente associada a música pelo grande sucesso de suas produções. No que
Branson toca mesmo nesse livro,
porém, é a máquina registradora,
enquanto descreve seu estilo hedonista de viver, criar e promover.
Nem tudo é perfeito, todavia.
Há consórcio de bancos pressionando, tombos homéricos e guerras sem fim. Desde a fundação da
revista "Student" quando ainda
era adolescente, até o início das
operações da loja de discos
-precipitada por uma greve dos
correios-, sobram problemas de
todos os tipos.
Branson se comporta como se
tivesse tido acesso ao roteiro de
sua vida e soubesse que tudo daria certo.
Problemas, riscos e dívidas parecem excitá-lo mais ainda. É algo
bom de ser lido, servindo talvez
como fonte extra de coragem aos
empreendedores brasileiros
-esses, também, heróis econômicos.
Não esqueça apenas de dar um
certo desconto, afinal marketing é
um de seus principais instrumentos de trabalho; dar voltas de balão, esquiar pelado, chegar ao
próprio casamento pendurado
num helicóptero, posar nu em
um outdoor, fantasiar-se de aqualouco, doses cavalares de autopromoção. Algo que nós brasileiros estamos acostumados a ver
diariamente, quase sempre dissociado de talento.
O livro tem passagens curiosas
como o momento em que Branson pegou o contrato da Island
Records, de Chris Blackwell, e copiou-o todo, trocando apenas o
nome da gravadora, "gerando"
seu primeiro contrato.
Ou ainda o dia em que ele literalmente perdeu a virgindade.
Numa festa, Richard foi escolhido
por uma garota mais experiente,
indo na sequência para um quarto escada acima. Quando a menina começou a gemer e gritar sem
parar, ele pensou estar arrasando.
Ao terminar, levantou-se para
se vestir, percebendo que ela continuava lá, de olhos fechados, respirando de maneira ofegante.
Pensou ser um orgasmo múltiplo.
Não era. Ao jovem empreendedor só restou chamar uma ambulância e os paramédicos: uma grave crise de asma estava quase matando sua parceira... Isso tudo é
Richard Branson.
João Marcello Bôscoli é músico, produtor e
presidente da gravadora Trama
Avaliação:
Livro: Perdendo Minha Virgindade
Título original: Losing My Virginity:
How I've Survived, Had Fun, and Made a
Fortune Doing Business My Way
Autor: Richard Branson
Tradutores: Ivone C. Benedetti, June
Camargo, Jussara Simões, Luiz Roberto
Mendes Gonçalves, Mara Cristina
Guimarães Cupertino e Regina Gomes de
Sousa
Editora: Cultura Editores
Quanto: R$ 45 (482 págs.)
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