São Paulo, sábado, 04 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LIVRO - LANÇAMENTOS
Branson perde virgindade em ritmo hedonista

France Presse
O empresário Richard Branson em passeio de elefante na Índia


JOÃO MARCELLO BÔSCOLI
especial para a Folha


Parece um conto de fadas empresarial moderno: um jovem inglês de sorriso magnético, ego gigante e uma disposição absurda de trabalhar, monta um império financeiro baseado em originalidade, diversão, risco e muito prazer. Isso sem falar na sua mania de quebrar regras e de ser do contra.
A autobiografia de Richard Branson, "Perdendo Minha Virgindade", conta sua versão da história da construção do império Virgin, o conglomerado pop que atua desde a fabricação de refrigerantes até serviços financeiros e aviação comercial, passando por transportes ferroviários e as chamadas "megastores".
Tudo isso sob a égide da deusa Música, um de seus primeiros e mais lucrativos negócios. Aliás, negócios é que não faltam nessa narrativa, descritos com uma aparente franqueza e um inesperado bom humor.

Guerras e tombos
Para a maioria das pessoas, a marca Virgin é imediatamente associada a música pelo grande sucesso de suas produções. No que Branson toca mesmo nesse livro, porém, é a máquina registradora, enquanto descreve seu estilo hedonista de viver, criar e promover.
Nem tudo é perfeito, todavia. Há consórcio de bancos pressionando, tombos homéricos e guerras sem fim. Desde a fundação da revista "Student" quando ainda era adolescente, até o início das operações da loja de discos -precipitada por uma greve dos correios-, sobram problemas de todos os tipos.
Branson se comporta como se tivesse tido acesso ao roteiro de sua vida e soubesse que tudo daria certo.
Problemas, riscos e dívidas parecem excitá-lo mais ainda. É algo bom de ser lido, servindo talvez como fonte extra de coragem aos empreendedores brasileiros -esses, também, heróis econômicos.
Não esqueça apenas de dar um certo desconto, afinal marketing é um de seus principais instrumentos de trabalho; dar voltas de balão, esquiar pelado, chegar ao próprio casamento pendurado num helicóptero, posar nu em um outdoor, fantasiar-se de aqualouco, doses cavalares de autopromoção. Algo que nós brasileiros estamos acostumados a ver diariamente, quase sempre dissociado de talento.
O livro tem passagens curiosas como o momento em que Branson pegou o contrato da Island Records, de Chris Blackwell, e copiou-o todo, trocando apenas o nome da gravadora, "gerando" seu primeiro contrato.
Ou ainda o dia em que ele literalmente perdeu a virgindade. Numa festa, Richard foi escolhido por uma garota mais experiente, indo na sequência para um quarto escada acima. Quando a menina começou a gemer e gritar sem parar, ele pensou estar arrasando.
Ao terminar, levantou-se para se vestir, percebendo que ela continuava lá, de olhos fechados, respirando de maneira ofegante. Pensou ser um orgasmo múltiplo. Não era. Ao jovem empreendedor só restou chamar uma ambulância e os paramédicos: uma grave crise de asma estava quase matando sua parceira... Isso tudo é Richard Branson.


João Marcello Bôscoli é músico, produtor e presidente da gravadora Trama

Avaliação:    


Livro: Perdendo Minha Virgindade Título original: Losing My Virginity: How I've Survived, Had Fun, and Made a Fortune Doing Business My Way Autor: Richard Branson Tradutores: Ivone C. Benedetti, June Camargo, Jussara Simões, Luiz Roberto Mendes Gonçalves, Mara Cristina Guimarães Cupertino e Regina Gomes de Sousa Editora: Cultura Editores Quanto: R$ 45 (482 págs.)


Texto Anterior: "Alegria" pretende doar US$ 1 mi ao futebol
Próximo Texto: Romance: Tyler desmonta relações
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.