São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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ARTES

Publicação traz inventário de obras brasileiras no Smithsonian, e mostra investiga semelhanças entre os dois países

Brasil é tema de livro e exposição nos EUA

Kenneth Lambert/Associated Press
Escultura do brasileiro Ernesto Neto no Instituto Smithsonian, cujas obras brasileiras são o tema do livro "Brazil no Smithsonian"


FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O Brasil é o tema central de um novo livro e de uma exposição promovidos por duas importantes instituições públicas norte-americanas, o Instituto Smithsonian e a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
O livro "Brazil no Smithsonian" será lançado na próxima segunda-feira em edição bilíngüe no Museu de História Natural de Washington, uma das 26 instituições pertencentes ao Instituto Smithsonian.
A exposição "Estados Unidos e Brasil: Expandindo Fronteiras, Comparando Culturas" acaba de ficar disponível na internet pelas mãos da Biblioteca do Congresso no site http://international.loc.gov/intldl/brhtml.
As duas iniciativas tiveram origens independentes, mas baseiam-se em pontos comuns entre a evolução política e cultural dos dois países e na colaboração de pesquisadores e antropólogos de Brasil e EUA.
A publicação "Brazil no Smithsonian" faz um inventário de todas as obras brasileiras pertencentes ao acervo dos 16 museus da instituição e narra os resultados de várias expedições científicas de norte-americanos ao Brasil iniciadas em 1838.
O Rio de Janeiro foi a segunda parada da expedição liderada pelo tenente Charles Wilkes, que chegou ao Brasil na ocasião do aniversário de 13 anos do imperador Dom Pedro 2º.
A expedição ficou mais de um mês no país e recolheu espécimes de plantas e animais que até hoje fazem parte do núcleo do acervo do Museu de História Natural do Smithsonian em botânica e zoologia.
Em 1913, uma nova expedição liderada pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1901-09) também esteve no Amazonas para trabalhos conjuntos com o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Os espécimes recolhidos na viagem também se encontram até hoje no museu.
Além de material obtido em expedições, o acervo do Smithsonian conta com milhares de objetos brasileiros trazidos aos EUA nos últimos 160 anos.
Há desde uma camisa original do jogador Pelé no acervo do Museu Nacional de História Americana a uma coleção significativa de objetos nativos brasileiros pré-europeus no Museu Nacional do Índio Americano.
São quase 8.000 peças, incluindo 3.841 itens arqueológicos e 4.076 etnográficos.
O Museu Nacional Postal dos Estados Unidos também possui um conjunto raro dos três primeiros selos postais brasileiros, que receberam a denominação de "Olho-de-Boi" devido ao seu formato e desenho.
Em 1843, o Brasil tornou-se o segundo país do mundo, depois do Reino Unido, a emitir selos postais, e o Smithsonian tem exemplares com tarifas de 30, 60 e 90 réis, um conjunto considerado extremamente valioso.
Em outros museus como o Hirshhorn e o Museu de Arte Americana, o Smithsonian guarda também obras e esculturas de artistas contemporâneos como Vik Muniz, Ernesto Neto e Sérgio Camargo.
Já a exposição virtual entre os dois países foi feita em conjunto com a Biblioteca Nacional brasileira por iniciativa do norte-americano James Billington, que viu vários paralelos em relação aos EUA depois de visitar o Brasil no ano de 1999.
O acervo virtual já disponível -e ainda em fase de expansão- conta com mapas, fotografias, livros e manuscritos que revelam, em 9.800 itens, similaridades na história dos dois países .
Há desde cartas do presidente Thomas Jefferson (1801-09) sobre o movimento de independência do Brasil a ilustrações raras do francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) sobre o país.

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