São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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ainda rende

Roteiristas são grandes jogadores

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A terceira temporada de "Lost" calará os desconfiados ao beber da deixa mais intrigante do último episódio da segunda: a evidência de que existe conexão entre a ilha e o mundo "real". Será uma nova escotilha de possibilidades para os produtores, que nunca se contentaram em fazer um seriado que fosse uma coisa só.
"Lost" partiu de uma premissa simples, a queda do avião, para aos poucos se ligar a outros elementos de tensão. Elegeu a própria ilha como um personagem tão forte que emplacou episódios seguidos sem que o protagonista (Jack) precisasse dar as caras na história. Sobretudo, desamarrou alguns nós (quem é Henry Gale?), deixando outras dúvidas para depois. Como Locke ficou paraplégico? Como os Outros foram parar ali?
Os roteiristas parecem estar jogando um RPG demorado, mas são excelentes jogadores. A irritação dos incrédulos é ligada, em grande parte, à impaciência pelo desfecho. Haja Maracujina e ioga para esperar mais alguns anos para, só então, descobrir o que é que a maldita (bendita?) ilha tem.
Soma-se a isso a desconfiança pós-traumática dos telespectadores brasileiros, acostumados aos desfechos de suspenses de novela das oito -nos quais uma dúzia de finais costuma fazer sentido, até porque todos os outros se igualariam na pobreza de lógica e trama.
Lá não é como aqui. O nível médio dos roteiros de ficção de TV produzidos nos EUA está muito à frente do nosso; como também está à frente do cinema do país.
A TV americana é competente. Não é à toa que "Friends" se segurou por dez anos no ar, e "Família Soprano" chegou à sexta temporada. "Lost" também não terá nadado até aqui para morrer na praia.


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