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ainda rende
Roteiristas são grandes jogadores
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
A terceira temporada de
"Lost" calará os desconfiados ao beber da deixa mais
intrigante do último episódio da segunda: a evidência de que existe conexão entre a ilha e o mundo
"real". Será uma nova escotilha de possibilidades
para os produtores, que
nunca se contentaram em
fazer um seriado que fosse
uma coisa só.
"Lost" partiu de uma
premissa simples, a queda
do avião, para aos poucos
se ligar a outros elementos
de tensão. Elegeu a própria ilha como um personagem tão forte que emplacou episódios seguidos
sem que o protagonista
(Jack) precisasse dar as
caras na história. Sobretudo, desamarrou alguns nós
(quem é Henry Gale?),
deixando outras dúvidas
para depois. Como Locke
ficou paraplégico? Como
os Outros foram parar ali?
Os roteiristas parecem
estar jogando um RPG demorado, mas são excelentes jogadores. A irritação
dos incrédulos é ligada, em
grande parte, à impaciência pelo desfecho. Haja
Maracujina e ioga para esperar mais alguns anos para, só então, descobrir o
que é que a maldita (bendita?) ilha tem.
Soma-se a isso a desconfiança pós-traumática dos
telespectadores brasileiros, acostumados aos desfechos de suspenses de novela das oito -nos quais
uma dúzia de finais costuma fazer sentido, até porque todos os outros se
igualariam na pobreza de
lógica e trama.
Lá não é como aqui. O
nível médio dos roteiros
de ficção de TV produzidos nos EUA está muito à
frente do nosso; como
também está à frente do
cinema do país.
A TV americana é competente. Não é à toa que
"Friends" se segurou por
dez anos no ar, e "Família
Soprano" chegou à sexta
temporada. "Lost" também não terá nadado até
aqui para morrer na praia.
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