São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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já era

Cafona, série lembra "Caverna do Dragão"

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um cenário paradisíaco, a satisfação das necessidades imediatas garantida, sombra, água fresca e todo o tempo do mundo para tentar dar sentido ao que está acontecendo. Ai, que preguiça!
Na série "Lost", transformaram o vazio da existência num videogame em que se passa de fase e que promete poder ser concluído -profundidade e sofisticação suficientes para prender a atenção de um adolescente.
Agora vêm dizer que o jogo emperrou; que a série ficou chata. O avião de mistérios e conflitos vazios deu pane e vai cair num vazio ainda maior? Ora, "Lost" sempre foi um saco que não pára em pé.
Além de cafona, claro, com suas fumacinhas pretas, seus números que dão azar, entradas e saídas secretas. Uma espécie de "Caverna do Dragão", aquele desenho animado que fazia sucesso na Xuxa, com personagens adultos.
Esperavam, e ainda esperam, por respostas? Pois quem insistir vai nadar para morrer na areia.
Que a praia pode ser o lugar do absurdo, já nos ensinava Camus. Que a ilha deserta serve de metáfora para o sem-sentido dessa vida em qualquer parte, nascemos sabendo.
Ou seja, em "Lost", estivemos desde logo perdidos num lugar-comum. Mas a resposta, a saída, não está em resolver mistério algum, em explicar nada. Quem entendeu qual era a solução -tanto lá como aqui, a boa solução se parece mais com um casamento em final de novela do que com uma resposta definitiva- foi a Gang 90, lembra?
"Eu e minha gata rolando na relva/ Rolava de tudo/ Covil de piratas pirados/ Perdidos na selva./ Quando o avião deu a pane/ Eu já previa tudinho/ Mim Tarzan, you Jane/ Incendiando mundos nesse matinho."


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