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já era
Cafona, série lembra "Caverna do Dragão"
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um cenário paradisíaco,
a satisfação das necessidades imediatas garantida,
sombra, água fresca e todo
o tempo do mundo para
tentar dar sentido ao que
está acontecendo. Ai, que
preguiça!
Na série "Lost", transformaram o vazio da existência num videogame em
que se passa de fase e que
promete poder ser concluído -profundidade e
sofisticação suficientes
para prender a atenção de
um adolescente.
Agora vêm dizer que o
jogo emperrou; que a série
ficou chata. O avião de
mistérios e conflitos vazios deu pane e vai cair
num vazio ainda maior?
Ora, "Lost" sempre foi um
saco que não pára em pé.
Além de cafona, claro,
com suas fumacinhas pretas, seus números que dão
azar, entradas e saídas secretas. Uma espécie de
"Caverna do Dragão",
aquele desenho animado
que fazia sucesso na Xuxa,
com personagens adultos.
Esperavam, e ainda esperam, por respostas?
Pois quem insistir vai nadar para morrer na areia.
Que a praia pode ser o
lugar do absurdo, já nos
ensinava Camus. Que a
ilha deserta serve de metáfora para o sem-sentido
dessa vida em qualquer
parte, nascemos sabendo.
Ou seja, em "Lost", estivemos desde logo perdidos num lugar-comum.
Mas a resposta, a saída,
não está em resolver mistério algum, em explicar
nada. Quem entendeu
qual era a solução -tanto
lá como aqui, a boa solução
se parece mais com um casamento em final de novela do que com uma resposta definitiva- foi a Gang
90, lembra?
"Eu e minha gata rolando na relva/ Rolava de tudo/ Covil de piratas pirados/ Perdidos na selva./
Quando o avião deu a pane/ Eu já previa tudinho/
Mim Tarzan, you Jane/
Incendiando mundos nesse matinho."
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