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Crítica/Show
Som ruim prejudica apresentação certinha do Coldplay para 65 mil
Apesar de quase inaudível em vários pontos do Morumbi, banda agrada com hits, simpatia e cenografia profissional
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
EDITOR DO FOLHATEEN
O profissionalismo do quarteto inglês Coldplay era facilmente visível na noite de terça, no estádio do Morumbi, em São Paulo.
É pena que tal profissionalismo não tenha sido audível, já
que boa parte dos 65 mil fãs
presentes (segundo a organização), que pagaram de R$ 160 a
R$ 500 por um ingresso (inteiro), sofreu com o som baixo e
oscilante em diversos pontos
-principalmente na pista mais
atrás e nas arquibancadas.
Esse contraste entre o visual
apurado do show (a cenografia
era ótima, os telões tinham
qualidade e sensacional edição
de imagens), a empolgação profissional da banda e o som de
terceira categoria foi chocante.
Dado esse cenário, ficou parecendo uma ironia cruel a distribuição, ao fim, de CDs ao vivo com parte do repertório (nove músicas) que o público havia
acabado de não ouvir.
E não há o que desculpe a falha de produção (a Time 4 Fun
foi a empresa organizadora).
É verdade que o Morumbi é
um estádio enorme (68 mil lugares, anteontem), aberto, o
que dificulta a propagação do
som -mas Metallica e Beyoncé
tiveram som muito bom no
mesmo local, ainda neste ano.
É verdade que o repertório
do Coldplay, cheio de baladas,
não favorece a audição em lugar tão amplo, mas o Rio assistiu à mesma apresentação em
condições semelhantes -na
praça da Apoteose- e não registrou queixas quanto ao som.
O resultado foi tão mais lamentável porque prejudicou a
perfeita comunhão que existe
entre a banda (mauricinha como poucas) e seu público
(idem). Havia inclusive uma
festa preparada pelo fã-clube
para o aniversário do vocalista
e galã Chris Martin, 33.
Apesar da caretice formal do
show (e descontado o som, obviamente), ficou nítido que o
Coldplay entregou, em pouco
menos de duas horas, exatamente o que os fãs esperavam.
Os hits -"Clocks", "Yellow",
"God Put a Smile..." etc.- estavam quase todos lá (pena não
ter rolado "Speed of Sound") e
houve momentos realmente
bonitos ("Hardest Part" com
Martin sozinho ao piano) e empolgantes (como o baterista
Will Champion puxando o "Parabéns pra Você" em português
e depois cantando a ótima
"Death Will Never Conquer").
Só faltou dar para ouvir.
COLDPLAY
Avaliação: regular
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