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Comentário
Brasil entra de maneira definitiva no roteiro das megaturnês de rock
PAULO RICARDO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Parecia uma manchete do
José Simão; "Buemba!!! Alice
Cooper adota jiboia no Brasil!!!", tamanho nosso espanto
diante da visita deste pioneiro
que foi corajoso o bastante para
trazer seu circo de horrores a
Pindorama, ainda em 1974.
Infelizmente, meu pai não
estava disponível, e tive o acesso negado. Dei mais sorte no
ano seguinte, quando Rick Wakeman aportou aqui.
Pré-adolescente, devorava o
que podia sobre esse tal de "roquenrow". "Revista Pop",
"Rock, o Grito e o Mito", "Música no Planeta Terra", "Rock
Concert" e a rádio Mundial, oásis de informação naquela idade das trevas, sem MTV, sem
celular e sem internet!
Quem diria que este longínquo país da América do Sul ainda receberia, como agora, no
mesmo mês, pelo menos três
megaespetáculos: Coldplay,
Franz Ferdinand e Guns N" Roses. Haja mesada!!!
Depois de Rick Wakeman,
em 75, foram mais de dois anos
até o próximo show, mas valeu
a espera. Uma de minhas bandas favoritas, o Genesis, já sem
Peter Gabriel, no Ibirapuera,
uau! Engenheiros canadenses
chegavam meses antes para
tratar da acústica.
Tínhamos tido nosso show
bienal, e agora era aquela espera recheada por rumores. Novamente no Ibira, o clássico
Van Halen, com Diamond Dave, deixou a todos com os ouvidos zumbindo por dias.
Em 81 veio a bomba; o Queen
viria ao Brasil. Era bom demais
pra ser verdade. Jornalista credenciado, fui à coletiva no hotel
Maksoud, à passagem de som.
Anos depois, regravaria "Love of my Life", em português e
espanhol, no meu CD "O Amor
me Escolheu". Ainda tive o privilégio de ver Police no Rio em
82, com meia casa, quem diria...
Em janeiro de 85, as coisas
mudariam para sempre com o
Rock in Rio. A partir dali, veríamos de tudo: Sting, Tina Turner, Echo & The Bunnymen,
The Cure, Michael Jackson,
Madonna, enfim, shows para
todas as tribos.
Com a pirataria e o download
ilegal corroendo boa parte dos
lucros de outrora, é ao vivo que
um artista hoje comprova seu
poder de fogo. Mesmo com o altíssimo índice de cerca de 80%
de consumo de música nacional, o gosto do brasileiro é eclético. Temos público o bastante
para justificar nossa inclusão
no roteiro das megaturnês.
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