São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010

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Comentário

Brasil entra de maneira definitiva no roteiro das megaturnês de rock

PAULO RICARDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Parecia uma manchete do José Simão; "Buemba!!! Alice Cooper adota jiboia no Brasil!!!", tamanho nosso espanto diante da visita deste pioneiro que foi corajoso o bastante para trazer seu circo de horrores a Pindorama, ainda em 1974.
Infelizmente, meu pai não estava disponível, e tive o acesso negado. Dei mais sorte no ano seguinte, quando Rick Wakeman aportou aqui.
Pré-adolescente, devorava o que podia sobre esse tal de "roquenrow". "Revista Pop", "Rock, o Grito e o Mito", "Música no Planeta Terra", "Rock Concert" e a rádio Mundial, oásis de informação naquela idade das trevas, sem MTV, sem celular e sem internet!
Quem diria que este longínquo país da América do Sul ainda receberia, como agora, no mesmo mês, pelo menos três megaespetáculos: Coldplay, Franz Ferdinand e Guns N" Roses. Haja mesada!!!
Depois de Rick Wakeman, em 75, foram mais de dois anos até o próximo show, mas valeu a espera. Uma de minhas bandas favoritas, o Genesis, já sem Peter Gabriel, no Ibirapuera, uau! Engenheiros canadenses chegavam meses antes para tratar da acústica.
Tínhamos tido nosso show bienal, e agora era aquela espera recheada por rumores. Novamente no Ibira, o clássico Van Halen, com Diamond Dave, deixou a todos com os ouvidos zumbindo por dias.
Em 81 veio a bomba; o Queen viria ao Brasil. Era bom demais pra ser verdade. Jornalista credenciado, fui à coletiva no hotel Maksoud, à passagem de som.
Anos depois, regravaria "Love of my Life", em português e espanhol, no meu CD "O Amor me Escolheu". Ainda tive o privilégio de ver Police no Rio em 82, com meia casa, quem diria...
Em janeiro de 85, as coisas mudariam para sempre com o Rock in Rio. A partir dali, veríamos de tudo: Sting, Tina Turner, Echo & The Bunnymen, The Cure, Michael Jackson, Madonna, enfim, shows para todas as tribos.
Com a pirataria e o download ilegal corroendo boa parte dos lucros de outrora, é ao vivo que um artista hoje comprova seu poder de fogo. Mesmo com o altíssimo índice de cerca de 80% de consumo de música nacional, o gosto do brasileiro é eclético. Temos público o bastante para justificar nossa inclusão no roteiro das megaturnês.


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