São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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Museu de Arte Contemporânea abriga obras mostradas na minissérie "Um Só Coração"

As telas da novela

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Aqui é o museu da novela?" Desde que teve início a minissérie "Um Só Coração", em janeiro passado, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC), de difícil localização (no Butantã), passou a ter um aumento significativo de visitantes, que buscam encontrar obras dos artistas globalizados.
Por conta da minissérie, que retrata a vida de Yolanda Penteado (1903-83), obras até então valorizadas apenas por especialistas passaram a ser reconhecidas e procuradas. "Muitos visitantes querem saber se é aqui que está "A Negra" [tela de Tarsila do Amaral, de 1923], que aparece na novela", conta Maurício da Silva, porteiro do museu. Apesar dos números de visitação não estarem totalmente contabilizados, a estimativa é de que de janeiro a março de 2004 houve crescimento do público de 12% em relação a 2003, segundo a assessoria do museu.
"Sempre que as atividades do museu aparecem na mídia, isso gera um aumento de público. Com a novela, isso se tornou maior ainda", conta Elza Ajzenberg, diretora do MAC. Segundo a arte-educadora Karen Lima, que trabalha no museu, "até crianças de sete anos, em nossas visitas guiadas, já reconhecem obras de Tarsila. Quando mostramos as obras dos modernistas que aparecem na minissérie, a concentração é maior que a usual". A educadora vê, no entanto, aspectos negativos na minissérie: "Percebo que certos estereótipos são reforçados. Tarsila ganha muito interesse, por ser rica e bonita, enquanto sinto por Anita Malfatti depreciação e rancor".
O MAC foi criado por um conjunto de doações orquestradas por Ciccillo Matarazzo (1898-1977) em 1963: 19 obras que pertenciam a ele e sua mulher, Yolanda Penteado, mais 429 de sua coleção particular e outras 1.243 que pertenciam ao Museu de Arte Moderna, extinto por manobra do empresário em 1962. Atualmente, o MAC tem em seu acervo pouco mais de 8.000 obras.
Para quem quer conhecer o olhar colecionista de Yolanda e Ciccillo, o museu pouco oferece em quantidade. Apenas cerca de 30 obras, entre as 448 doadas pelo casal, estão expostas na sede do museu, ou seja, menos de 7%. Do total do acervo, o museu consegue expor só 3%. "Segundo padrões internacionais, o ideal é que um museu possa apresentar 30% de seu acervo. Precisamos de um novo edifício", afirma Ajzenberg, que tentou receber da Prefeitura de São Paulo um dos pavilhões do parque Ibirapuera, mas perdeu a parada para Emanoel Araujo.
Por isso a diretora, há pouco mais de um ano no cargo, acena pela primeira vez concretizar o projeto da antiga gestão, de Teixeira Coelho, em construir um novo espaço na Água Branca. "Criamos um grupo de estudo para analisar esse projeto", diz.
Entretanto, ao menos as obras mais importantes doadas pelo casal, como o auto-retrato de Modigliani, estão expostas de forma permanente no museu. Outra mostra, esta na filial do museu no parque Ibirapuera, apresenta algumas outras.


MAC CAMPUS. Onde: r. da Reitoria, 160, Cidade Universitária, SP, tel. 0/xx/11/ 3091-3327. Quando: de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 10h às 16h. Quanto: entrada franca.

MAC IBIRAPUERA. Onde: pavilhão Ciccillo Matarazzo, 3º andar, parque Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5573-9932. Quando: de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 10h às 16h. Quanto: entrada franca.



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