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Crítica/"Maré, Nossa História de Amor"
Diretora tropeça em pedagogia reiterativa
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Com um passado de jornalista e de militância
política de esquerda,
Lúcia Murat alimenta seu trajeto de cineasta com reflexões
importantes sobre a tragédia
social brasileira. Em "Maré,
Nossa História de Amor", reencena a paixão de Romeu e Julieta sob o cenário de guerra do
tráfico numa favela carioca.
A idéia não é original. Mas
nem é isso o que invalida o esforço da diretora de adensar
com reflexão social uma narrativa de digestão simples.
A experiência muito bem-sucedida de Murat em "Quase
Dois Irmãos" de reinterpretar
o passado recente do país pelo
viés da ficção não repete aqui
nem a força simbólica da história, nem a expressividade de
sua construção.
A direção até assume riscos,
como filmar coreografias e números musicais. Mas o problema maior reside nas transições
forçadas do simbolismo para o
realismo, nas quais a cineasta é
tragada pela necessidade de
reiterar lições, de ser pedagógica no sentido burro do termo.
Para quem fez "Quase Dois
Irmãos", "Maré" é um infeliz
retrocesso.
MARÉ, NOSSA HISTÓRIA DE AMOR
Produção: Brasil, 2008
Direção: Lúcia Murat
Com: Cristina Lago, Vinicius D'Black
Onde: hoje no HSBC Belas Artes, Reserva Cultural e circuito
Avaliação: ruim
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