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Diretora pornô quer virar deputada
Cineasta de filmes pornográficos do Reino Unido deixa a carreira de lado para candidatar-se a uma vaga no legislativo
Anna Arrowsmith é considerada pioneira do pornô britânico, ao trazer o ponto de vista feminino para os filmes do gênero
MARIANNE PIEMONTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM
LONDRES
"Da pornografia ao Parlamento, aqui vou eu!" Foi assim
que Anna Arrowsmith se despediu, no Twitter, de sua vida
pregressa. Aos 38, ela é -ou
era- a primeira e mais importante diretora de filmes pornô
do Reino Unido.
A inglesa já ganhou os prêmios de melhor diretora da indústria britânica de filmes
adultos -duas vezes consecutivas- e de "pioneira do pornô
independente", no Festival Internacional de Pornô Feminino, além de ser presidente da
Adult Industry Trade Association, na Inglaterra.
Sob o pseudônimo de Anna
Span, ela dirigiu filmes como
"Abaixe as Calças!", escreveu e
fotografou um livro que ensina
casais a fazer vídeos pornô caseiros e, com o auxilio do marido, administra sua própria sex
shop.
Agora, ela planeja mudar de
área. Em março, Anna foi indicada pelo partido Liberal Democrata para concorrer a uma
vaga no Parlamento pelo distrito de Gravesham, em Kent, sudoeste da Inglaterra. As eleições inglesas serão em junho.
"Eu me lembro de quando tinha sete anos e vi Margaret
Thatcher em campanha. Fiquei
desesperada para que ela ganhasse, não por causa dos conservadores, porque minha família é trabalhista, mas porque
ela seria a primeira primeira-ministra mulher", disse a diretora, que desde os anos 1990
também é militante feminista.
Apesar de ter um estilo menos austero do que a Dama de
Ferro, Anna diz que Thatcher
foi sua inspiração. Mas o que a
fez cair de boca na política foi o
escândalo de malversação de
verbas dos parlamentares britânicos que houve no ano passado, quando o jornal "Daily
Telegraph" denunciou que políticos de todos os partidos usaram dinheiro público para mimos pessoais, como afinação de
piano e compra de móveis.
Para participar de comícios
regionais, Anna não aderiu ao
colar de pérolas, adereço-símbolo de Thatcher e das clássicas
senhoras inglesas, mas adotou
um corte de cabelo curto e terninhos -no lugar de suas
echarpes coloridas.
Ponto de vista feminino
Anna diz que quer fazer política como faz pornografia há 12
anos: "Do jeito feminino e com
entusiasmo. No mais, as mulheres continuam sub-representadas no Parlamento".
Sua luta na indústria pornô,
que segundo ela se transformou após sua passagem, era para que as mulheres tivessem
mais liberdade de expressão e
de consumo.
Considerada a primeira diretora britânica do segmento, ela
privilegia em sua obra o ponto
de vista feminino, colocando os
homens em foco por mais tempo do que a média dos filmes do
gênero. Há cenas à venda no site annaspansdiary.com.
Se for eleita, além de levantar
as bandeiras de seu partido
-como taxas justas, escolas
com menos alunos por turma e
combate à corrupção-, ela
quer batalhar para evitar que
os jovens usem drogas e cometam crimes.
"Eles fazem isso porque estão entediados", diz. Quando
questionada se a pornografia
vai atrapalhá-la nessa nova jornada, ela diz que não.
"Esse é um gênero estabelecido hoje. Até as clínicas de fertilização do NHS (Sistema Nacional de Saúde) usam. Além
do mais, não é ilegal, certo?"
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