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"A Vida Alheia" romantiza vida dos paparazzi
Com texto de Miguel Falabella e Marília Pêra no elenco, série sobre revista de fofocas estreia nesta quinta-feira
"Foto é o seguinte: beijo. Não adianta: se eu fizer um beijo, [as revistas] vão publicar", diz profissional que serviu de inspiração
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
Danielle Winits como repórter, Paulo Vilhena como paparazzo, Marília Pêra como dona
da publicação e Cláudia Jimenez como editora. É a revista de
fofocas de Miguel Falabella, autor de "A Vida Alheia", série que
a Globo estreia na quinta, dia 8.
O autor diz que pensou em
tudo quando estava jantando
no Sushi Leblon, restaurante
da zona sul do Rio que é ponto
fixo de paparazzi na cidade. "Se
você me fotografar com a boca
aberta, eu te mato!", disse ele ao
fotógrafo. E riu com a amiga
Cláudia Jimenez. Os dois pensaram na série, e Falabella começou a escrever.
Há, diz ele, "uma fina ironia"
na forma como a imprensa de
celebridades é tratada. No clipe, exibido ao batalhão de jornalistas que, desta vez, o próprio Falabella convidou para
"divulgar o trabalho", Danielle
Winits tenta conseguir entrevistas em pré-estreias e veste
disfarce de enfermeira para
conseguir informações num
hospital.
Paulo Vilhena edita as fotos à
noite com Winits entre os lençóis. Jimenez surge ávida por
fofocas bombásticas, e Marília
Pêra tenta segurar informações
de seu interesse.
Embora todos sejam retratados como "voyeurs" vorazes, "todo mundo sabe que está jogando. As celebridades se aproveitam, também. É tudo em benefício de ambas as partes", diz.
"Vocês, em especial a Folha,
querida, tratam a gente como a
[cantora cubana] Gloria Stefan
e se sentem o [dirigente máximo de Cuba] Raúl Castro."
Queridos ou não
De camisa branca puída, com
os botões abertos até quase a
cintura e rabo de cavalo para
prender os cabelos brancos e
compridos, Fausto Candelária
está mais uma vez parado em
frente ao Sushi Leblon -atrás
de um carro, do outro lado da
rua. É ele o paparazzo que "inspirou" Falabella.
Desde 2004 como fotógrafo
da AG News, uma das principais agências de paparazzi no
Rio, registrou alguns "furos"
da área: Carolina Ferraz beijando Reynaldo Gianecchini, Marieta Severo beijando, Juliana
Knust beijando, Fábio Assunção beijando...
"A foto é o seguinte: beijo.
Não adianta: se eu fizer um beijo, vão publicar", diz ele.
Uma foto, no mercado dos
freelancers, vale entre R$ 150 e
R$ 200. Mas um flagrante, como o de Chico Buarque saindo
do mar com uma morena em
2005, não tem preço.
"Depende de exclusividade.
Se só você fez, se só uma revista
quer", conta Danilo Delmiro,
também paparazzo.
O ponto dele é o shopping
São Conrado Fashion Mall,
muito frequentado por celebridades. Na noite em que a Folha
acompanhou Candelária e ele
no Leblon, Delmiro havia fotografado só Priscila Fantin. "Pelo menos, ela é querida. Mas foi
um dia fraco."
No hall dos "não queridos",
por ironia do destino, está Paulo Vilhena, o paparazzo de "A
Vida Alheia". "Ele é muito
agressivo", diz Candelária.
Não há reunião para definir o
alvo. Os paparazzi devem estar
informados sobre o rosto das
pessoas (e os que gostam de
usar chapéu como disfarce),
seu estado civil e sua rotina
(peças, amigos em cartaz, folgas etc.). Ainda assim, a vida
não está fácil, diz Delmiro. "Ficamos muito visados."
"Estou aqui todo dia depois
da novela [das 20h, na Globo] e
fico até 3h, 4h", conta Candelária. "Antigamente, saía com um
bom material. Agora, não. Isso
porque tem fotógrafo que não
sabe esperar".
Exemplo: "Se eu encontrasse
a Danielle Winits hoje, sozinha,
não faria [ela acaba de se separar de Cássio Reis]. Porque ela
vai pensar: "Poxa, é melhor eu
não vir aqui com meu novo affair". Entende o raciocínio?".
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