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MERCADO
Governo não emite certidão
Greve retarda produção de livros, afirma CBL
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A certidão de nascimento do livro se chama ISBN (International
Standard Book Number), um número que pertence só a ele e pode
ser reconhecido em todo o mundo. Com os servidores federais da
cultura em greve desde 4 de abril,
a Biblioteca Nacional, único órgão que emite o ISBN no país, está
com o serviço paralisado.
A situação tem preocupado as
editoras, que iniciam no dia 12 a
12ª Bienal Internacional do Livro
do Rio. A CBL (Câmara Brasileira
do Livro), apoiada por Snel (Sindicato Nacional dos Editores de
Livros) e Abrelivros (Associação
Brasileira de Editores de Livros),
enviou carta pedindo providências ao Ministério da Cultura.
Ontem, a biblioteca anunciou
que a Fundação Miguel de Cervantes -organização privada e
vinculada à biblioteca que controla os ISBNs- começará a fornecer os números pelo telefone 0/
xx/21/7837-2700, das 9h às 18h.
Paulo Rocco, presidente do
Snel, explica que as editoras costumam comprar (R$ 5 por livro)
lotes de ISBN com antecedência,
para não ter que, a cada lançamento, fazer um pedido à biblioteca. Mas selos pequenos que só
pedem o registro quando têm o
que lançar e editoras que tenham
esgotado o lote estão em apuros.
Sérgio Machado, do grupo editorial Record, o maior do país, diz
que suas empresas estão dando
ISBNs aos livros de acordo com o
controle interno que têm. Mais
tarde, comunicarão à biblioteca o
número dado, invertendo o processo convencional. "Acho que
todo mundo vai fazer isso", diz
ele, para quem a função deve passar para a CBL. "No exterior, são
as editoras que controlam o ISBN.
Ficar com a biblioteca só serve para burocratizar o processo."
Raul Wassermann, ex-presidente da CBL e editor da Summus, faz coro: "No Brasil, [o ISBN] caiu na mão da Biblioteca
Nacional e hoje faz parte dos jogos de poder nos labirintos da
cultura. Essa greve, que atrapalha
muito o mercado editorial, mostra o absurdo da ingerência pública em assuntos privados".
Em nota, a CBL defende "uma
solução consensual -mas urgente- para o grave problema" e estima que "a cada mês sem o ISBN
o mercado deixa de receber cerca
de mil novos títulos".
A assessoria do MinC diz que
não há previsão para a greve acabar. Os servidores reivindicam a
adoção de um plano de carreira.
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