São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2005

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MERCADO

Governo não emite certidão

Greve retarda produção de livros, afirma CBL

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

A certidão de nascimento do livro se chama ISBN (International Standard Book Number), um número que pertence só a ele e pode ser reconhecido em todo o mundo. Com os servidores federais da cultura em greve desde 4 de abril, a Biblioteca Nacional, único órgão que emite o ISBN no país, está com o serviço paralisado.
A situação tem preocupado as editoras, que iniciam no dia 12 a 12ª Bienal Internacional do Livro do Rio. A CBL (Câmara Brasileira do Livro), apoiada por Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros), enviou carta pedindo providências ao Ministério da Cultura.
Ontem, a biblioteca anunciou que a Fundação Miguel de Cervantes -organização privada e vinculada à biblioteca que controla os ISBNs- começará a fornecer os números pelo telefone 0/ xx/21/7837-2700, das 9h às 18h.
Paulo Rocco, presidente do Snel, explica que as editoras costumam comprar (R$ 5 por livro) lotes de ISBN com antecedência, para não ter que, a cada lançamento, fazer um pedido à biblioteca. Mas selos pequenos que só pedem o registro quando têm o que lançar e editoras que tenham esgotado o lote estão em apuros.
Sérgio Machado, do grupo editorial Record, o maior do país, diz que suas empresas estão dando ISBNs aos livros de acordo com o controle interno que têm. Mais tarde, comunicarão à biblioteca o número dado, invertendo o processo convencional. "Acho que todo mundo vai fazer isso", diz ele, para quem a função deve passar para a CBL. "No exterior, são as editoras que controlam o ISBN. Ficar com a biblioteca só serve para burocratizar o processo."
Raul Wassermann, ex-presidente da CBL e editor da Summus, faz coro: "No Brasil, [o ISBN] caiu na mão da Biblioteca Nacional e hoje faz parte dos jogos de poder nos labirintos da cultura. Essa greve, que atrapalha muito o mercado editorial, mostra o absurdo da ingerência pública em assuntos privados".
Em nota, a CBL defende "uma solução consensual -mas urgente- para o grave problema" e estima que "a cada mês sem o ISBN o mercado deixa de receber cerca de mil novos títulos".
A assessoria do MinC diz que não há previsão para a greve acabar. Os servidores reivindicam a adoção de um plano de carreira.


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