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SHOW
Acompanhada por músicos como Bocato e Jarbas Barbosa, cantora sobe ao palco para interpretar standards
Sandy abre sua "fase adulta" com jazz, Beatles e Tom Jobim
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Na gelada tarde de anteontem,
quatro adolescentes faziam vigília
em frente à porta de serviço do
Bourbon Street, em Moema, região sul de São Paulo. Não estavam à espera de nenhuma diva do
jazz, que a casa habitualmente recebe. Esperavam Sandy, a irmã e
parceira de Junior.
Aos 22 anos, ela sobe ao palco
hoje para fazer sua estréia no jazz.
Longe da atitude rebelde das cantoras que admira, Sandy arrisca
um repertório de standards e músicas de Tom Jobim. A "surpresa"
é "Blackbird", do álbum branco
dos Beatles.
"Comecei a escutar jazz há três
anos. Um amigo, guitarrista da
minha banda, me deu um disco
da Ella Fitzgerald cantando repertório da Broadway. Gostei muito,
a música entrou em mim", conta.
Apesar de "gostar de ouvir", ela
diz conhecer pouco o gênero e,
em casa, é a única ouvinte de Chet
Baker e Ella Fitzgerald.
Sandy foi convidada para participar do projeto Credicard Vozes,
que apresenta cantoras mostrando músicas diferentes de seu repertório -Daniela Mercury e Zélia Duncan já fizeram shows.
"De vez em quando acontece
um projeto paralelo. Cantei com o
Caetano e com o Pedro Mariano.
Não é uma nova fase, é uma fase
constante da minha vida. Às vezes, aparecem esses convites que
são irrecusáveis."
Refutando sempre as especulações sobre o fim da dupla, ela é
enfática: "O meu trabalho com o
Junior é minha prioridade".
Junior também trilha carreira
paralela. Hoje, por exemplo, não
vai assistir ao show da irmã; tem
compromisso no Na Mata Café,
onde toca todas as quartas com a
banda Soul Funk. No fim de semana, eles se reúnem novamente.
Tocam seus megahits em três
apresentações em Goiás.
"Não é nada proposital. Não
significa que agora vou entrar numa fase mais adulta. Só aceitei os
convites que me foram feitos."
Depois do ensaio corrido, o primeiro feito na casa, há uma pausa
para o lanche. A cantora e o irmão
conversam com os músicos. Vestido com uma camiseta com os
dizeres "Lover Rock 77", Junior
diz não palpitar pelo novo trabalho de Sandy. "Não é a minha,
preciso estudar para saber mais."
A banda tem gente tarimbada
como Jarbas Barbosa, guitarrista
da banda Mantiqueira, e o trombonista Bocato. "Ela sabe fazer direitinho. É difícil voltar depois de
improvisação e ela consegue",
elogia Bocato.
Os pais da moça saem do camarim. Xororó se aproxima de
Amon Rá Lima, irmão de Lucas,
namorado da cantora. O assunto
continua sendo a música.
"Apesar de meu pai ouvir coisas
de um estilo que não é o que eu
mais gosto de ouvir, sempre é de
qualidade", afirma a cantora.
O ensaio recomeça. Sandy pede
educadamente para apagarem cigarros e incenso. "Faz mal para
minha voz", explica.
Na platéia, funcionários da casa,
curiosos com a novidade, dividem espaço com a entourage da
cantora. Junior e o pai sentam-se
à mesa juntos, a mãe, Noelly, fica
mais à frente e sorri. A família e os
músicos parecem satisfeitos com
o resultado. A cantora também.
"Não dá para ser hipócrita e dizer: "Não, eu não sou [uma boa
cantora]". Se eu já fui elogiada por
gente que entende, quer dizer que
eu tenho algum talento. Sem falsa
modéstia, eu sei que ainda tenho
muita coisa pela frente, até porque sou muito nova."
"Gosto de como minha voz soa
quando canto MPB, bossa nova,
jazz." Um estilo Norah Jones? "É,
tem um pouco a ver, sim."
Os cinco ensaios que fizeram
antes de entrar no Bourbon aconteceram no estúdio da família Lima, o último foi domingo. "Me
lembrou quando eu toquei com a
Elis em 1980. Elas são diferentes,
claro, mas me lembrou porque
tem essa coisa de receber, de chamar os músicos", conta Bocato.
Durante a conversa, o músico
fala em disco. "Ela popularizaria o
gênero, que começou em chão batido e era feito para as pessoas
dançarem." Sandy despista: "Por
enquanto, não tenho planos".
Sandy
Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos
Chanés, 127, SP; tel. 0/xx/11/5095-6100)
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Quanto: R$ 150
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