São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BEBIDA

Enólogo leva filosofia de Bordeaux a Portugal

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

O renomado enólogo francês Bruno Prats visitou São Paulo para apresentar os vinhos que produz em Portugal com a família Symington, que tem longa tradição na fabricação de Portos (como os Graham's) no Douro, norte do país. Prats construiu o seu prestigio na região de Bordeaux, na França, onde foi proprietário de um dos grandes "crus" do lugar: o Château Cós d'Estournel, um tremendo tinto da comuna de Saint-Estèphe.
Derrotada pelos pesados impostos, sua família vendeu Cós d'Estournel, e Prats procura outros horizontes. "Bordeaux é uma página virada. Seria fácil fazer vinhos lá, mas na minha idade [62 anos] preciso de outros desafios", declarou à Folha.
Seguindo esse caminho, se associou em 1998 com os Symington. "Queríamos fazer no Douro um vinho com a filosofia de Bordeaux, fino e delicado, sem a extração violenta que provoca o perfil rude de alguns vinhos que se encontram por lá", explicou Bruno Prats.
Do projeto, surgiu o Chryseia, um tinto feito com cepas portuguesas (principalmente touriga franca e nacional) oriundas de quintas dos Symington, como a do Bomfim, Vesuvio ou Vila Velha.

A degustação
No dia 19 de abril, no restaurante From the Galley, Prats conduziu degustações verticais de várias safras do Chryseia e do Post Scriptum, segundo rótulo da casa, um tinto para ser bebido jovem (os vinhos que estão à venda no Brasil têm o preço indicado).
Foram provados três Post Scriptum (safras 2002, 2004 e 2005). Os melhores foram o 2004 (com bom sabor, leves toques vegetais e taninos um pouco ásperos ainda; 87/ 100, R$ 97, caro para a sua performance) e o 2005 (amostra de barrica, equilibrado, redondo e com boa fruta; 88/100).
Do Chryseia, foram servidas quatro amostras (2000, 2001, 2003 e 2004). Se destacaram o 2001, que mostrou belo aroma e sabor (longo) com toques de fruta mesclados com canela e baunilha (90/ 100), o 2003, bem estruturado, com agradável aroma de geléias, porém menos persistente em boca (89/ 100, R$ 293) e o 2004, que, talvez por ter mais touriga nacional (64%), foi o mais exuberante na fruta, com taninos finos e paladar amplo, rico e sedoso (91/100).
Os vinhos são importados pela Mistral, tel. 0/xx/11/3372-3400.


Texto Anterior: Bom e barato: Badaró privilegia os pratos da cozinha paulista
Próximo Texto: Teatro: Satyros ligam libertinagem à crise política
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.