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Tribeca dá prêmio a filme familiar
Documentário sobre casal de adultos com síndrome de Down venceu a principal categoria do festival
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
No final de semana em que a
detonação malsucedida de uma
bomba fechou a Times Square,
havia um refúgio em Nova York
onde ninguém parecia se preocupar com terrorismo: o festival de cinema de Tribeca.
Criado depois dos atentados
do 11 de Setembro para "reavivar" a região sul de Manhattan,
o evento de 12 dias se encerrou
anteontem, com a exibição dos
vencedores nas principais categorias e enormes filas.
E, entre os documentários
-setor mais forte do festival-,
o troféu, US$ 25 mil e uma obra
do Vik Muniz foram entregues
pelo júri a um filme pessoal,
quase um vídeo de família.
"Monica & David" (Alexandra Codina), sobre dois adultos
com síndrome de Down que decide se casar, derrotou 11 concorrentes, pelo menos metade
com forte conteúdo político
-de "Budrus" (de Julia Bacha),
sobre o conflito entre Palestina
e Israel, que ganhou menção
honrosa na categoria, a "The
Two Escobars" (os dois escobares), de Jeff e Michael Zimbalist, que relaciona as trajetórias
do traficante colombiano Pablo
Escobar e do jogador Andrés.
Pois o vídeo de casamento de
Monica e David, dirigido pela
prima da protagonista, a estreante Alexandra Codina, deixou para trás discussões sobre
máfia russa, resíduos nucleares
e genocídio em Ruanda. Talvez
pela raridade que o próprio filme aponta -é incomum que
namorados com deficiência "de
inteligência" se casem.
Depois da cerimônia, a diretora entra na casa da família de
Monica, com quem David também vai morar.
No primeiro ano de casamento, os dois enfrentam a
descoberta de que ele tem diabetes, a falta de emprego, a
ideia de que nunca poderão ter
um bebê.
Ao mesmo tempo, o casal se
desdobra para ter independência. Aprende a cozinhar, arruma o próprio canto no apartamento, faz trabalho voluntário.
E a "raridade" do assunto faz
com que a plateia aceitasse a
baixa qualidade das imagens e a
fórmula feita para chorar.
Foi também uma diretora estreante em longas, a austríaca
Feo Aladag, que levou o prêmio
de melhor ficção, outros US$
25 mil e uma obra de Stephen
Hannock com "When We Leave" (quando nós partimos), sobre uma mulher abusada pelo
marido que se muda, com o filho, de Istambul a Berlim.
O terceiro prêmio mais importante de Tribeca, dado pela
audiência, ficou com um filme
que não competia nas outras
categorias: o documentário
"Rush: Beyond the Lighted Stage", de Sam Dunn e Scot
McFadyen, que conta a história
da banda canadense desde a
sua formação, nos anos 60.
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