São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2010

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Tribeca dá prêmio a filme familiar

Documentário sobre casal de adultos com síndrome de Down venceu a principal categoria do festival

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

No final de semana em que a detonação malsucedida de uma bomba fechou a Times Square, havia um refúgio em Nova York onde ninguém parecia se preocupar com terrorismo: o festival de cinema de Tribeca.
Criado depois dos atentados do 11 de Setembro para "reavivar" a região sul de Manhattan, o evento de 12 dias se encerrou anteontem, com a exibição dos vencedores nas principais categorias e enormes filas.
E, entre os documentários -setor mais forte do festival-, o troféu, US$ 25 mil e uma obra do Vik Muniz foram entregues pelo júri a um filme pessoal, quase um vídeo de família.
"Monica & David" (Alexandra Codina), sobre dois adultos com síndrome de Down que decide se casar, derrotou 11 concorrentes, pelo menos metade com forte conteúdo político -de "Budrus" (de Julia Bacha), sobre o conflito entre Palestina e Israel, que ganhou menção honrosa na categoria, a "The Two Escobars" (os dois escobares), de Jeff e Michael Zimbalist, que relaciona as trajetórias do traficante colombiano Pablo Escobar e do jogador Andrés.
Pois o vídeo de casamento de Monica e David, dirigido pela prima da protagonista, a estreante Alexandra Codina, deixou para trás discussões sobre máfia russa, resíduos nucleares e genocídio em Ruanda. Talvez pela raridade que o próprio filme aponta -é incomum que namorados com deficiência "de inteligência" se casem.
Depois da cerimônia, a diretora entra na casa da família de Monica, com quem David também vai morar.
No primeiro ano de casamento, os dois enfrentam a descoberta de que ele tem diabetes, a falta de emprego, a ideia de que nunca poderão ter um bebê.
Ao mesmo tempo, o casal se desdobra para ter independência. Aprende a cozinhar, arruma o próprio canto no apartamento, faz trabalho voluntário. E a "raridade" do assunto faz com que a plateia aceitasse a baixa qualidade das imagens e a fórmula feita para chorar.
Foi também uma diretora estreante em longas, a austríaca Feo Aladag, que levou o prêmio de melhor ficção, outros US$ 25 mil e uma obra de Stephen Hannock com "When We Leave" (quando nós partimos), sobre uma mulher abusada pelo marido que se muda, com o filho, de Istambul a Berlim.
O terceiro prêmio mais importante de Tribeca, dado pela audiência, ficou com um filme que não competia nas outras categorias: o documentário "Rush: Beyond the Lighted Stage", de Sam Dunn e Scot McFadyen, que conta a história da banda canadense desde a sua formação, nos anos 60.


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