São Paulo, segunda, 4 de maio de 1998

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PELO BRASIL
Vila Velha volta a funcionar em Salvador

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

Depois de quase dois anos e meio em obras, será reinaugurado amanhã, às 20h, um dos mais tradicionais teatros de Salvador (BA), o Vila Velha.
O espetáculo de estréia -"Um Tal de Dom Quixote"- é uma versão do clássico romance "El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha", do escritor e dramaturgo espanhol Miguel de Cervantes.
A versão estabelece um elo entre a saga do cavaleiro andante em busca de glórias e a "batalha" dos diretores do teatro pela concretização do projeto de reforma do Vila Velha.
"A peça também faz uma conexão entre os problemas sociais da Espanha no século 17 e o Brasil de hoje", disse o diretor do espetáculo e do teatro, Márcio Meirelles.
Com investimentos de R$ 2,8 milhões em reformas, obtidos junto ao Ministério da Cultura, Secretaria Estadual de Cultura, Eletrobrás e Petrobrás, o teatro passou a ser também um dos mais modernos da cidade.
Sua caixa cênica, antes com apenas um andar, agora tem três pavimentos -uma base em retângulo, circundada pela primeira e segunda galerias.
Tanto o palco quanto os equipamentos de apoio e as cadeiras podem ser deslocados para qualquer ponto do teatro, formando diferentes relações espaciais entre o palco e a platéia.
"A depender do tipo de espetáculo, podemos montar um teatro em estilo italiano, de arena ou em forma de L", disse Meirelles.
O arquiteto e urbanista alemão Carl Von Hauenschild, responsável pelo projeto de reforma, disse que 120 praticáveis (elementos cenográficos) com altura variável foram importados da Alemanha.
Isso para que a relação espacial entre o palco e a platéia seja alterada de acordo com a concepção das produções.
Com as obras, a área total do teatro, localizado no centro de Salvador, foi ampliada de 786 m2 para 1.887 m2, com capacidade para 400 lugares.

Montagem
Patrocinada pela Copene e Coelba (Companhia de Eletricidade da Bahia), a montagem de "Um Tal de Dom Quixote" conta com a participação de 55 artistas baianos, entre atores, dançarinos e músicos.
Da história original (a de um fidalgo que enlouquece de tanto ler novelas de cavalaria e sai pelo mundo à procura de aventuras), Meirelles criou um espetáculo que mostra a luta dos brasileiros que nada têm -sem-terra, sem-teto, meninos de rua.
"Quixote é um símbolo do homem dividido entre o sonho e a realidade, um retrato da aventura humana", disse Meirelles.
A peça tem texto de Cleise Mendes e Márcio Meirelles e é apresentada em dois atos (16 cenas), com duas horas de duração. A música que encerra o espetáculo é assinada pelo compositor baiano Tom Zé.
Os tipos populares, comuns na obra do escritor espanhol, ganham vida por meio de 14 atores do Bando de Teatro Olodum. Dom Quixote é interpretado pelo ator Carlos Petrovich e o seu fiel escudeiro, Sancho Pança, por Lázaro Ramos.


Peça: Um Tal de Dom Quixote
Direção: Márcio Meirelles Com: Carlos Petrovich e Lázaro Ramos Onde: Teatro Vila Velha (Passeio Público, Campo Grande - região central, Salvador, tel. 071/336-1384 Quando: de amanhã a quinta, para convidados, às 20h; sáb. e dom., às 20h; a partir de 15 de maio, de sex. a dom., às 20h
Quanto: R$ 15 (inteira) e R$ 7 (meia) Patrocinadores: Copene e Coelba (Companhia de Eletricidade da Bahia)


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