São Paulo, segunda, 4 de maio de 1998

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Romance mostra saga da colonização do PR

JOSÉ MASCHIO
Da Agência Folha, em Londrina

A saga da colonização do norte do Paraná está virando literatura nas mãos do escritor Domingos Pellegrini, que lança, em setembro, "Terra Vermelha" (editora Moderna).
Colonizada a partir de 1930 pelos ingleses, a região registrou, até a década de 60, um dos maiores e mais rápidos fenômenos de ocupação mundiais, só comparável à "marcha para o oeste" nos Estados Unidos.
Em menos de 30 anos, mais de 40 cidades surgiram no então deserto norte e noroeste do Paraná, na esteira de levas de migrantes em busca do sonho de riqueza nas emergentes lavouras cafeeiras.
O sistema de colonização da inglesa Companhia de Terras (pequenos lotes a prestação) facilitou essa ocupação. Paulistas, mineiros, nordestinos, alemães (fugindo do nazismo), japoneses e italianos buscavam a região na esperança de encontrar terras férteis e baratas para o plantio de café.
A cor vermelha do solo da região conferiu uma nova identificação para a população norte-paranaense, que ficaria conhecida como os "pés-vermelhos".
O romance todo se desenrola a partir de um desses pioneiros (não por acaso, paulista casado com uma mineira), que revive toda a saga a partir de uma cama de hospital, desde o início da ocupação (nos anos 30) até a queda do Muro de Berlim, quando ele morre.
Para quem conhece a história recente da região, é fácil identificar personagens reais no romance de Pellegrini. Nomes "nacionais" como o de Celso Garcia Cid, que fez riqueza transportando passageiros em uma velha jardineira (ônibus da década de 20) pelas lamacentas estradas de barro vermelho. Aliás, a velha jardineira, chamada "Catita", ainda hoje é conservada como relíquia pelos herdeiros de Garcia Cid, na empresa Viação Garcia.
O jornalista João Saldanha (ex-treinador da seleção brasileira de futebol) também pode ser encontrado em "Terra Vermelha", participando de uma frustrada guerrilha do PCB (Partido Comunista Brasileiro) em Porecatu, no final da década de 50.



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