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Romance mostra saga
da colonização do PR
JOSÉ MASCHIO
Da Agência Folha, em Londrina
A saga da colonização do norte
do Paraná está virando literatura
nas mãos do escritor Domingos
Pellegrini, que lança, em setembro, "Terra Vermelha" (editora
Moderna).
Colonizada a partir de 1930 pelos
ingleses, a região registrou, até a
década de 60, um dos maiores e
mais rápidos fenômenos de ocupação mundiais, só comparável à
"marcha para o oeste" nos Estados Unidos.
Em menos de 30 anos, mais de
40 cidades surgiram no então deserto norte e noroeste do Paraná,
na esteira de levas de migrantes
em busca do sonho de riqueza nas
emergentes lavouras cafeeiras.
O sistema de colonização da inglesa Companhia de Terras (pequenos lotes a prestação) facilitou
essa ocupação. Paulistas, mineiros, nordestinos, alemães (fugindo do nazismo), japoneses e italianos buscavam a região na esperança de encontrar terras férteis e
baratas para o plantio de café.
A cor vermelha do solo da região
conferiu uma nova identificação
para a população norte-paranaense, que ficaria conhecida como os
"pés-vermelhos".
O romance todo se desenrola a
partir de um desses pioneiros (não
por acaso, paulista casado com
uma mineira), que revive toda a
saga a partir de uma cama de hospital, desde o início da ocupação
(nos anos 30) até a queda do Muro
de Berlim, quando ele morre.
Para quem conhece a história recente da região, é fácil identificar
personagens reais no romance de
Pellegrini. Nomes "nacionais"
como o de Celso Garcia Cid, que
fez riqueza transportando passageiros em uma velha jardineira
(ônibus da década de 20) pelas lamacentas estradas de barro vermelho. Aliás, a velha jardineira,
chamada "Catita", ainda hoje é
conservada como relíquia pelos
herdeiros de Garcia Cid, na empresa Viação Garcia.
O jornalista João Saldanha
(ex-treinador da seleção brasileira
de futebol) também pode ser encontrado em "Terra Vermelha",
participando de uma frustrada
guerrilha do PCB (Partido Comunista Brasileiro) em Porecatu, no
final da década de 50.
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