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"Tenho medo da reação"
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
Domingos Pellegrini, 49, afirmou estar com medo da reação ao
seu romance. Disse que esse medo
surge "da pretensão de o romance
tentar fixar uma identidade
pé-vermelha". A seguir, trechos
da entrevista:
Folha - O sr. poderia explicar esse medo da reação a "Terra Vermelha"?
Domingos Pellegrini - Um romance com mais de 600 páginas se
pretende um épico. Ele tem que ser
pelo menos soberbo, ou vou receber grandes pauladas. Não é um
policial, que prende o leitor pela
trama. Ele terá que prender pela
densidade de informação, pela
junção dessa geléia de raças que
formou a identidade pé-vermelha.
Folha - Esse aspecto, a identidade pé-vermelha, é que faz "Terra
Vermelha" ser pioneiro?
Pellegrini - Os grandes romancistas, como Érico Veríssimo, no
sul, Graciliano Ramos, José Lins
do Rego, no nordeste, Palmério,
em Minas, contaram o regionalismo de maneira universal. No norte do Paraná, eu tenho a pretensão
de um romance que fixa a identidade pé-vermelha. É essa pretensão, pela novidade que é contar a
nossa colonização, que faz esse
medo aflorar.
Folha - Personagens reais, que fizeram a história da colonização da
região, estão no livro?
Pellegrini - O Affonso Romano
de Sant'Anna, no prefácio, afirma
que "Terra Vermelha" é um romance baseado na verdade. Eu
busquei personagens familiares,
situações centrais que definiram o
futuro da região para mostrar como se deu o processo de construção de uma identidade regional.
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