São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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TEATRO

Musical vence em 6 categorias

Sem surpresa, Tony premia "Millie"

DE NOVA YORK

Sem recordes, sem surpresas, sem graça. Tendo as três regras como baliza, a comunidade teatral nova-iorquina se reuniu no domingo para entregar seu 56º Tony, o Oscar da dramaturgia.
Venceu "Thoroughly Modern Millie", que concorria em 11 categorias e levou seis, inclusive "melhor musical". O fato de a peça ser baseada num filme que já não era grande coisa diz mais sobre a temporada 2001/2002 da Broadway do que qualquer outra coisa.
"Millie" é adaptação de "Positivamente Millie", dirigido em 1967 por George Roy Hill, e se passa na chamada era de ouro do jazz, nos anos 20 do século passado, com direito a muito sapateado.
Bateu assim a evidentemente superior "Urinetown - The Musical", sátira que começou sua carreira no boca a boca off-Broadway até chegar ao grande circuito. A história da cidade em que os habitantes têm de pagar para usar o banheiro levou direção, libreto e trilha. É incomum, mas não inédito, que a vencedora dos prêmios diretamente ligados à música perca na categoria principal.
Entre as peças, o prêmio principal saiu para a controversa "The Goat or Who Is Sylvia", de Edward Albee, sobre homem que se apaixona por uma cabra. Teve sabor de justiça histórica para o dramaturgo de 74 anos, cujo último Tony era de 1963, por "Quem Tem Medo de Virgina Woolf". "Agradeço aos produtores por terem a escandalosa convicção de que a Broadway estava pronta para uma peça sobre o amor", disse.
Se houve um mérito na noite de anteontem foi o fato de a premiação ter sido mais democrática do que no ano passado. Em 2001, o musical cômico "The Producers", de Mel Brooks, venceu em todas as 12 categorias a que concorria, de 22 possíveis. Neste ano, 11 peças dividiram os prêmios.
Já a transmissão da cerimônia, comandada pelos nada carismáticos atores Gregory Hines e Bernardette Peters, foi escassa em celebridades (Ralph Fiennes, Mary Tyler Moore, Whoopi Goldberg, Calista Flockhart e a sexy Gina Gershon) e pródiga em pontos baixos (para ter uma idéia, até um trecho de "Oklahoma!" o telespectador teve de aguentar).
Entre os últimos, destacou-se o desrespeito com Elaine Stritch, 77, um mito no bairro teatral de Manhattan, que ganhou seu primeiro Tony por "Elaine Stritch at Liberty". A atriz, que já tinha sido indicada quatro vezes, a primeira em 56, foi interrompida em seu discurso pela orquestra.
No bastidor, tremendo muito, ela desabafou que a interrupção tinha tirado a graça do prêmio. Indagada sobre o que responderia se a CBS, emissora responsável pela transmissão, ou a organização ligassem para pedir desculpas, ela disse: "Por mim, eles podem se f...". Sábias palavras. (SÉRGIO DÁVILA)



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