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"TOYEBI TÉ"
África emerge ancestral e contemporânea
DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Durante a hora e meia em
que Lokua Kanza forrar de
África um pedaço de São Paulo,
hoje e amanhã à noite, emergirão de suas músicas estados de
espírito, rogativas e imagens cotidianas de várias partes e momentos desse continente.
Respaldado musicalmente em
solo africano por estrelas como
Youssou'n Dour, Manu Dibango e Ray Lema, o compositor, arranjador e manipulador de instrumentos vários -da regional
sanza à internacional percussão- faz de "Toyebi Té" (álbum
que chega agora ao Brasil e que
alimenta parte da apresentação
de Kanza no país) o timão de
uma incursão profunda num
universo tão próximo quanto
desconhecido dos brasileiros.
Filho de mãe ruandesa e pai
congolês, nascido em Bukavu,
no Congo, Kanza, além do idioma natal (o lingala), passeia pelo
inglês e francês para se fazer entender e traduzir a sonoridade
da música transmitida pelos anciãos de seu povo, baladas contemporâneas, composições bucólicas.
No seu quarto disco, o músico
arranja espaço ainda para unir
ritmos locais, linguagem anglo-saxã, a Orquestra Sinfônica da
Bulgária, referências africanas
e... cavaquinho -receita de
"Come Back to Me", uma das
melhores do álbum, junto a "Je
N'Ai Pas Choisi", em que o rapper Passi e Kanza discutem o
porquê de alguns homens serem
mais (ou menos) iguais que outros.
Mas, mesmo ao mostrar feridas da realidade africana, o músico faz prevalecer a suavidade
-como na canção jogral "Tika
Ngaï", na ciranda de violões e
percussão de "Mbiffé" e mesmo
quando se ouvem disparos de
canhão, caso de "Ndagukunda
Tshane- e a exaltação de alegrias simples, como a de estar
junto aos seus e de manter a fé
em tempos de adversidade,
princípios africanos dos mais
caros, que preenchem composições como "Le Bonheur". Para a
noite terminar feliz.
Toyebi Té
Artista: Lokua Kanza
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 28
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