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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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"TOYEBI TÉ"

África emerge ancestral e contemporânea

DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Durante a hora e meia em que Lokua Kanza forrar de África um pedaço de São Paulo, hoje e amanhã à noite, emergirão de suas músicas estados de espírito, rogativas e imagens cotidianas de várias partes e momentos desse continente.
Respaldado musicalmente em solo africano por estrelas como Youssou'n Dour, Manu Dibango e Ray Lema, o compositor, arranjador e manipulador de instrumentos vários -da regional sanza à internacional percussão- faz de "Toyebi Té" (álbum que chega agora ao Brasil e que alimenta parte da apresentação de Kanza no país) o timão de uma incursão profunda num universo tão próximo quanto desconhecido dos brasileiros.
Filho de mãe ruandesa e pai congolês, nascido em Bukavu, no Congo, Kanza, além do idioma natal (o lingala), passeia pelo inglês e francês para se fazer entender e traduzir a sonoridade da música transmitida pelos anciãos de seu povo, baladas contemporâneas, composições bucólicas.
No seu quarto disco, o músico arranja espaço ainda para unir ritmos locais, linguagem anglo-saxã, a Orquestra Sinfônica da Bulgária, referências africanas e... cavaquinho -receita de "Come Back to Me", uma das melhores do álbum, junto a "Je N'Ai Pas Choisi", em que o rapper Passi e Kanza discutem o porquê de alguns homens serem mais (ou menos) iguais que outros.
Mas, mesmo ao mostrar feridas da realidade africana, o músico faz prevalecer a suavidade -como na canção jogral "Tika Ngaï", na ciranda de violões e percussão de "Mbiffé" e mesmo quando se ouvem disparos de canhão, caso de "Ndagukunda Tshane- e a exaltação de alegrias simples, como a de estar junto aos seus e de manter a fé em tempos de adversidade, princípios africanos dos mais caros, que preenchem composições como "Le Bonheur". Para a noite terminar feliz.


Toyebi Té   
Artista: Lokua Kanza
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 28



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