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Ingressos da Flip começam a ser vendidos hoje
Festa Literária de Parati, que acontece entre 4 e 8 de julho, reunirá prêmios Nobel e destacará latino-americanos
Seleção de escritores nacionais está fraca; ponto alto será mesa com autores de biografias, que discutirá a censura no gênero
SYLVIA COLOMBO
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Começa hoje a venda dos ingressos para a quinta edição da
Festa Literária de Parati (Flip)
que, neste ano, terá número recorde de convidados nacionais
e estrangeiros. Dezoito nomes
internacionais e 22 brasileiros
participarão do evento, que
acontece entre os dias 4 e 8 de
julho, na cidade fluminense.
Diferentemente do ano passado, quando faltaram grandes
estrelas e houve baixas importantes de última hora, como o
argentino Ricardo Piglia, a programação desta edição garante
alguns pesos-pesados.
Os mais importantes são os
prêmios Nobel J.M. Coetzee e
Nadine Gordimer, ambos da
África do Sul. O autor de "Desonra" poderá ser visto em duas
ocasiões. No sábado, ele lerá
trechos de seu livro mais recente, ainda inédito; e, no domingo, participará da mesa de encerramento. Como nos anos
anteriores, a Flip termina com
um encontro de vários autores,
que lêem para o público trechos
de seus livros prediletos.
O time dos latino-americanos está reforçado. Além das
participações dos argentinos
Alan Pauls e Cesar Aira, que
discutirão com interlocutores
brasileiros, a mesa "De Macondo a McCondo" terá o mexicano Ignacio Padilla e o argentino
Rodrigo Fresán debatendo o
rumo das letras no continente
após o fim do realismo mágico.
Outro latino-americano esperado é o roteirista mexicano
Guillermo Arriaga, autor do celebrado "Babel". Arriaga vai
conversar com o autor de "Sobre Meninos e Lobos" (levado
ao cinema por Clint Eastwood),
o americano Dennis Lehane.
Temas do mundo contemporâneo, a guerra ao terror, o choque de civilizações e a questão
palestina são o pano de fundo
dos encontros mais políticos,
uma marca registrada da festa
de Paraty. Um deles será certamente aquele entre dois mitos
do jornalismo literário, o inglês
Robert Fisk e o norte-americano Lawrence Wright.
Brasileiros em baixa
O elenco brasileiro está fraco.
Faltam veteranos de público
cativo, que costumam aglomerar bastante gente. O encontro
de interesse mais momentoso é
"A Vida Como Ela Foi", com o
autor da biografia proibida de
Roberto Carlos, Paulo Cesar de
Araújo, e escritores que já tiveram problemas com a Justiça
por tratar de personagens públicos, Ruy Castro ("Estrela Solitária", sobre Garrincha) e Fernando Morais ("Na Toca dos
Leões", sobre Washington Olivetto e a W/Brasil).
O diretor de programação,
Cassiano Elek Machado, classifica a participação brasileira
como "menos ortodoxa". "Decidimos expandir os limites da
Flip. Entre os escritores nacionais teremos acadêmicos, teatrólogos e artistas plásticos",
disse à Folha.
Mediações
Um problema detectado na
edição passada foi o das mediações. Em geral, os escolhidos
não se encontravam à altura do
debate ou não conheciam bem
a obra dos palestrantes ou o tema das mesas. A organização
procura resolver esse problema
convidando mediadores mais
estrelados. O painel entre Guillermo Arriaga e Dennis Lehane, por exemplo, será mediado
pelo escritor Marçal Aquino. Já
o do moçambicano Mia Couto
terá como mediador o angolano José Eduardo Agualusa.
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