São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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Filhos de Vicente Paiva e de Severino Araújo criam orquestra

Idéia é homenagear bons compositores e intérpretes hoje em segundo plano

DA SUCURSAL DO RIO

Muita gente pode não saber, mas um dos autores de "Mamãe Eu Quero", "Disseram que Voltei Americanizada" e outros sucessos de Carmen Miranda se chama Vicente Paiva (1908-1964). E o maestro da mais longeva orquestra de bailes do país, a Orquestra Tabajara, é Severino Araújo, 90.
Para não deixar que os nomes e as histórias de seus pais caiam no esquecimento absoluto, Décio Paiva, 67, e Chiquinho Araújo, 65, estão criando uma nova orquestra -ainda sem nome. A idéia principal é tocar músicas dos homenageados e de outros compositores brasileiros importantes.
"A orquestra pode ser uma chama da música brasileira de qualidade, tocando Ataulfo [Alves], Noel [Rosa], [Dorival] Caymmi, Cartola e outros. Não dá para só ter "sai do chão" e "abaixa a bundinha'", afirma Paiva, ironizando a axé music.
Enquanto buscam patrocínio, os dois maestros articulam uma orquestra de 25 pessoas, com dois cantores. Podem participar intérpretes hoje em segundo plano, como Miltinho, Tito Madi e Dóris Monteiro.
"Mas também tocaremos as tradicionais de baile, norte-americanas. Não se pode comer só feijão com arroz", diz Paiva.
O pianista, organista e vibrafonista preserva o piano em que seu pai compunha, e onde ele e sua irmã, Dayse Paiva, aprenderam música. Preserva também canções do pai que ficaram inéditas, como "É Bahia, Sim Senhor".
"Nos EUA, pensam que sou arquimilionário", diz, referindo-se ao sucesso internacional de "Mamãe Eu Quero", que não rende no Brasil, segundo ele, tanto dinheiro em direitos autorais quanto deveria.
Araújo é baterista e comanda a Orquestra Cuba Libre, dedicada principalmente a ritmos caribenhos. Já integrou a Tabajara, mas preferiu trilhar um caminho separado daquele mantido por tios e pelo pai há sete décadas -foi em 1938 que Severino assumiu o comando da orquestra, criada cinco anos antes, na Paraíba, ainda sem o nome que a tornaria famosa.
"A Tabajara vai continuar com ou sem meu pai. Mas, infelizmente, ela já foi maior e mais requisitada. Espero que nossa orquestra ajude a despertar o interesse por outras", diz. (LUIZ FERNANDO VIANNA)


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